Novos biomarcadores de lesão renal aguda em envenenamento humano por serpentes do gênero bothrops

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Albuquerque, Polianna Lemos Moura Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/42340
Resumo: Lesão Renal Aguda (LRA) é uma complicação grave e precoce associada à mordedura de serpentes do gênero Bothrops. O objetivo deste estudo é investigar a função de biomarcadores como: NGAL (neutrophil gelatinase-associated lipocalin), MCP-1 humano (human monocyte chemotactic peptide- 1), KIM-1 (kidney injury molecule-1), VCAM-1 (vascular cell adhesion molecule 1) e IL-6 (interleukin-6) no diagnóstico precoce da LRA causada por serpentes venenosas. Métodos: Estudo prospectivo no qual foram analisadas amostras seriadas de sangue e urina de 58 pacientes hospitalizados por mordedura de Bothrops sp., após assinatura de consentimento informado. Os novos biomarcadores renais foram quantificados por imunoensaio (ELISA) durante admissão hospitalar. Curvas ROC (Receiver Operating Characteristic) foram construídas durante admissão hospitalar. Foram analisados fatores de risco para o desenvolvimento da LRA e funções tubulares -frações de excreção de [Na]+ (FENa), [K]+ (FEK) e uréia (FEUr). Os pacientes foram divididos em grupos LRA e Não-LRA de acordo com os critérios da KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes). Um grupo controle foi constituído de 12 voluntarios sadios. Variáveis com distribuição não-normal foram expressas como mediana e percentil 25° - 75°. Fatores de risco para LRA foram determinados através da análise multivariada, incluindo variáveis significantes estatisticamente na análise univariada. Análise estatística foi realizada através dos programas GraphPad Prism v.8 (GraphPad Software, San Diego, CA, EUA) e SAS/Stat v.13.2 – (Sistema para Windows). Resultados: Os grupos LRA e Não-LRA consistiram igualmente de adultos jovens (mediana 42,5 (10 – 65) vs 39 (12 – 64) anos; P=0,39), da área rural, sexo masculino, com tempo decorrido entre mordedura e administração do soro antiofídico prolongado (mediana 9 (1 – 76,2) vs 10,5 (4 – 157) horas; P=0,64). O grupo LRA apresentou altos níveis de MCP-1 urinário (mediana 547,5 (334,6 – 986,6) vs 274,1 (112 – 675,9) pg/mgCr; P=0,01) e NGAL urinário (mediana 21,28 (12,08 – 41,67) vs 12,73 (4,5 – 24,9) ng/mgCr; P=0,03). NGAL sérico, VCAM-1, KIM-1 e IL-6 urinários na admissão foram semelhantes entre os grupos LRA e não-LRA. O modelo da análise multivariada incluiu [Na]+ sérico mínimo (mEq/L), hemoglobina minima (g/dl), proteinúria (mg/gCr) e tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPa) admissional. [Na]+ sérico mínimo (P=0,01, OR=0.73, 95% CI: 0.57–0.94) e TTPa (P=0,031, OR=26,27, 95% CI: 1.34–512.11) estavam independentemente associadas com LRA. Proteinúria apresentou correlação positiva com uMCP-1 (r=0,70, P<0.0001) e uNGAL (r=0,47, P=0,001). Fração de excreção de [Na]+ (FENa) correlacionou com uMCP-1 (r=0,47, P=0,001) and uNGAL (r=0,56, P<0,0001). A comparação entre os níveis de uMCP-1 e uNGAL apresentados pelo grupo controle e LRA revelaram aumento significativo e gradual destes biomarcadores (P<0,0001). Mesmas comparações entre grupo controle e não-LRA apresentaram significativo aumento (P<0,05). Creatinina sérica (sCr) apresentou o melhor desempenho (AUC=0,85) em comparação com novos biomarcadores e a fração de excreção de [K]+ (FEK) apresentou alta acurária em predizer LRA em comparação com as FE de [Na]+ e uréia (AUC=0,92). Conclusão: Anormalidade de coagulação, caracterizada por TTPa anormal foi associada com o desenvolvimento de LRA relacionada ao veneno botrópico, sugerindo importante mecanismo fisiopatológico. NGAL e MCP-1 urinários foram bons preditores do desenvolvimento da LRA. A sCr apresentou melhor desempenho em diagnosticar LRA à admissão hospitalar. FEK emergiu como uma outra ferramenta diagnóstica precoce da LRA. Correlações positivas entre uNGAL e uMCP-1 com proteinúria e FENa devem sinalizar dano glomerular e tubular.