Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Dantas, Vera Lúcia de Azevedo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
www.teses.ufc.br
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/3282
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Resumo: |
Este estudo é fruto da caminhada dos atores e atrizes populares que protagonizam as Cirandas da Vida em Fortaleza-CE, e insere-se no contexto de uma gestão pública municipal, buscando fazer o movimento dialético de desvelar o mundo, com base na ação-reflexão-ação. Dessa forma, propõe-se a apreender nessa experiência, como se expressam o dialogismo e a arte, na gestão em saúde, buscando a perspectiva popular; capturar o modo como a população expressa sua história de luta, mediante as linguagens da arte; identificar como a luta pelo direito à saúde é expressa nas rodas das Cirandas, em seus enfrentamentos com a esfera institucional; analisar como os atores populares se inserem na formulação de políticas de saúde, a partir dessas rodas; e compreender como os diferentes grupos geracionais expressam suas leituras da realidade, no dialogismo vivido no contexto da gestão em saúde. Para traçar esses caminhos, propusemos a pesquisa-ação como percurso metodológico e ousamos construir uma proposta que cunhamos de Ciranda de Aprendizagem e Pesquisa em cuja abordagem multirreferencial, envolvemos atores populares – os cirandeiros – que constituíram o grupo sujeito deste estudo, protagonistas da produção do conhecimento nessa vivência de práxis grupal. O estudo traz como categorias-chaves, as situações-limite apontadas pela população, bem como os atos-limite para os enfrentamentos do princípio de comunidade e a esfera institucional. As sinfonias que apresentamos, trazem, harmonias e contrapontos, como espaço polifônico do dizer das culturas humanas e também revelam desafios. Um deles é o de se constituir na gestão em saúde um caminho de intersetorialidade, capaz de comportar a perspectiva popular onde a arte se apresenta como potência e devir social. O trabalho com a humanização nos revela a necessidade de fazer dialogar os trabalhadores da saúde e da gestão, com os saberes da experiência popular sobre o cuidado em saúde articulando redes de conversação que incluem práticas de cuidado e chamam a dimensão da integralidade. A interface entre promoção à saúde e a educação escolar como forma de se aproximar da vida no território dá o tom do dialogismo entre educação e gestão em saúde, mediado pela arte e a educação popular. A juventude em conflito com a lei revela a omissão do Estado cujas lacunas vão sendo supridas pelo princípio de comunidade em um contexto do diálogo intercultural, como forma de romper com o silenciamento dessa juventude e promover suas potências com base em formas de cultura e linguagens da arte. A arte em sua polifonia e as redes sociais revelam sua potência nos processos de mobilização e de inclusão social. As dimensões pedagógicas da experiência das Cirandas da Vida traçam saberes e possibilidades que revelam, no dialogismo da gestão, o desejo dos artistas populares, de se dizer como sujeitos históricos das ações de promoção da saúde. Por seu lado, a “cenopoesia”, como linguagem da arte trabalhada pelo movimento popular, nos impulsiona para as possibilidades do diálogo entre as diversas linguagens da arte. As ações de gênero referendam a corresponsabilização coletiva articulando dimensões subjetivas e políticas. A experiência com ações de economia solidária e saúde parece nos apontar caminhos do dialogismo entre o princípio de comunidade e o princípio de mercado, revelando-nos o valor da solidariedade e o compartilhamento das experiências na luta pelo acesso, não só ao sistema de saúde local, mas também às políticas sociais de maneira mais geral. O arcabouço burocrático do Estado tem-se feito barreira à inclusão das organizações populares na efetivação de políticas públicas. Para os cirandeiros e cirandeiras, a sua inserção no campo da gestão e, ao mesmo tempo, no campo da militância nos movimentos populares pareceu-nos, um modo de dizer concreto que o saber e a experiência popular não pode ser desperdiçada na gestão. A inclusão das Cirandas como roda da educação popular na Teia de Cogestão da Secretaria Municipal de Saúde e, consequentemente, no espaço de tomada de decisão política, revela potencialidades e desafios como espaço instituinte onde o princípio de comunidade busca efetivar transformações reais, ao realizar, como vimos, “movimentos em potência para exercer o seu protagonismo” como modo também de contribuir para a formulação de políticas. |