O processo de trabalho na carcinicultura e a saúde-doença dos trabalhadores do município de Aracati-Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Nogueira, Francisca Neuma Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/6958
Resumo: A importância da carcinicultura, atividade de criação de camarão em cativeiro, no mercado do agronegócio, em âmbito nacional e internacional, toma por base a representatividade nas exportações, especialmente para o Brasil, que teve uma expansão nos 20 anos, destacando-se entre os maiores produtores no mundo, ocupando o primeiro lugar na América Latina. Este crescimento foi impulsionado pela região Nordeste, cuja produção ultrapassa os 95% de todo montante nacional. Em contrapartida, a este desenvolvimento, vários estudos apontam para os impactos negativos causados pelos empreendimentos de carcinicultura, no que se refere ao trabalhador, ao meio ambiente e ao uso descontrolado dos recursos naturais. No intuito de focalizar o ser humano dentro do processo produtivo da carcinicultura, este estudo propôs uma análise dos empreendimentos de carcinicultura implantados no município de Aracati/Ceará, por ser o estado do nordeste que responde por 12% da produção de camarão do país, significando uma liderança no ramo, impulsionado pela globalização e a reestruturação produtiva. No sentido de ultrapassar os limites da capacidade econômica do agronegócio, identificaram-se as inter-relações entre os processos produtivos, o ambiente e a saúde dos trabalhadores, através da descrição do processo produtivo e de trabalho na carcinicultura no município de Aracati, os riscos nele gerados, analisando suas implicações para o ambiente e para a saúde dos trabalhadores. A metodologia seguiu três fases para realização da pesquisa empírica: aproximação com o concreto do trabalho na carcinicultura, seus problemas vivenciados pelos trabalhadores e comunidades através de reuniões com Agentes Comunitários de Saúde e Lideranças locais ligados às questões ambientais na tentativa de traçar um diagnóstico sobre a situação; estudo dos processos produtivos, através de visitas às empresas para coleta de informações junto aos responsáveis pela produção, seguida de observação direta do processo de trabalho e seus riscos ocupacionais e ambientais, orientada por roteiro específico e registrada em diário de campo; análise discursiva, através da realização de entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores da carcinicultura, em seus locais de moradia, complementando as informações colhidas e examinadas sua percepção sobre as condições de trabalho e de saúde. Os resultados indicam que o processo de trabalho na indústria da carcinicultura em Aracati, de forma geral, expõe os trabalhadores a longas jornadas de trabalho; a intenso esforço físico nas operações de alimentação dos viveiros e de despesca; à radiação infra-vermelha e ultravioleta, decorrentes da exposição permanente ao sol; à inalação de metabissulfito de sódio e dos gases resultantes de sua diluição em água – tendo se registrado inclusive um caso de morte por edema pulmonar agudo entre os trabalhadores. As alterações ambientais têm levado à insegurança alimentar, seja pela redução de espécies nativas do mangue, importantes no cardápio e na economia popular, como o caranguejo; seja pela salinização das reservas de água do município.