Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2006 |
Autor(a) principal: |
Gonçalves, João Batista Costa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/35059
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Resumo: |
Dentro de um horizonte teórico atrelado à Análise de Discurso de extração francesa, o presente estudo tem como objetivo maior analisar as formas de Jesus se representar discursivamente nas parábolas contadas nos três primeiros Evangelhos bíblicos do Novo Testamento (Mateus, Marcos e Lucas) a partir da categoria do ethos discursivo, discutida, sobretudo, por Dominique Maingueneau ao longo de toda a sua obra. Para compor a nossa base teórica, fizemos inicialmente, sob um olhar discursivo, um esgarçamento semântico do termo ethos, analisando diferentes perspectivas (filosófica, antropológica, retórica, literária, pragmática e discursiva) que exploraram o termo, bem como revelamos a relação de proximidade conceitual entre o ethos discursivo e alguns termos afins (habitus, esquematização e estilo). Em seguida, no intuito de mostrar como os sujeitos, nas práticas enunciativas em que estão envolvidos, se submetem, mas, ao mesmo tempo, resistem às coerções discursivas que procuram impingir-lhes, buscamos estudar algumas teorias lingüísticas (pragmáticas, enunciativas e discursivas) que, direta ou indiretamente, discutem uma proposta ética para as representações discursivas que os interlocutores assumem para si e para o outro nas trocas linguageiras. A seguir, propomo-nos a discutir a relação entre ethos e gênero discursivo, tomando como ponto básico as reflexões de Mikhail Bakhtin e Dominique Maingueneau, para mostrar como o gênero possibilita a criação de determinadas imagens de si e do outro a partir do caráter normativo e coercitivo que o gênero tem sobre a formação das imagens discursivas. Posteriormente, para concluir o aporte teórico em que a pesquisa se estriba, tratamos de expor, baseados em diferentes posições teóricas (Mikhail Bakhtin, Michel Pêcheux, Jacqueline Authieur-Revuz, Oswald Ducrot e Dominique Maingueneau), como o ethos depende da heterogeneidade discursiva para manifestar, na materialidade lingüística, as imagens dos sujeitos no discurso. Na análise propriamente dita, partindo de um debate teórico sobre os jogos de poder, discute-se, de maneira geral, como as relações de poder e afeto se dão dentro do universo bíblico neotestamentário, onde as parábolas são narradas por Jesus. Depois, procuramos estudar, com base na teoria das cenas enunciativas propostas por D. Maingueneau, a cena englobante em que o discurso parabólico se apóia, destacando as principais características que identificam o discurso religioso de que as parábolas fazem parte; a cena genérica para a qual as parábolas são interpeladas, para o que mostramos a configuração estrutural e discursiva do gênero parábola bíblica; e, por fim, como as cenografias suscitadas por essas historietas narradas por Jesus cooperam para legitimar a imagem que o enunciador pretende dar de si para os seus ouvintes. Aqui, antes de proceder a essa análise, firmamos os procedimentos metodológicos utilizados, para, só em seguida, buscarmos descrever, classificar e analisar os tipos de imagens que caracterizam os ethé da autoridade e da benevolência na situação comunicativa das narrativas parabólicas. Ao termo dessa investigação sobre a construção do ethos de Jesus nas parábolas, podemos chegar a, pelo menos, duas constatações: em primeiro lugar, da polivalência de imagens construídas nessa prática discursiva, é possível detectar algumas que se mostram como as mais recorrentes: a imagem de um enunciador detentor de autoridade e, ao mesmo tempo, possuidor de um caráter afetuoso e, em segundo lugar, que essas diferentes figuras que compõem o perfil de Jesus revelam como esse enunciador-narrador joga com um repertório de imagens que, muitas vezes, se entrecruzam, se complementam ou se distanciam dentro desse regime de enunciação de acordo com uma série de expedientes discursivos. |