Rodolfo Teófilo polemista: a crítica polêmica como estratégia de glorificação literária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pinheiro, Charles Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/41357
Resumo: Rodolfo Teófilo (1853-1932) foi um intelectual multifacetado, que se destacou como cientista e homem de letras. Produziu obras historiográficas, de divulgação científica, crônicas, memórias, ficção, poesia e, esporadicamente, crítica. Como não foi um crítico profissional, os textos que escreveu foram reações aguerridas contra juízos desfavoráveis à sua obra, tal como a famosa contenda com Adolfo Caminha, em virtude da recepção de seu primeiro romance, A fome (1890). Por meio de dois artigos no jornal O pão (1895), da Padaria Espiritual, ele defendeu a sua missão literária e desqualificou Caminha como romancista. Constatamos que não existe polêmica sem a leitura conflitiva do outro, pois é oriunda do espírito crítico da era moderna. Os jornais e revistas serviam de ‘cenário’ (Maingueneau, 2001) para as interações polêmicas entre os escritores, tanto para conquistar a opinião pública, quanto para transformar a palavra em arma para demolir o adversário. Ruth Amossy (2005) considera que todo ato de tomar a palavra implica a configuração de uma imagem de si, que colabora na construção de uma reputação literária. O choque entre opiniões antagônicas dissimula várias tensões entre projetos estéticos e civilizatórios, entre gerações artísticas, entre instituições literárias (coteries) e entre indivíduos que almejam a perduração de seus nomes, ou seja, a “mortal imortalidade” (Castagnino,1969). A presente pesquisa pretende investigar as polêmicas literárias de Rodolfo Teófilo, enfatizando os textos críticos publicados na imprensa cearense, como estratégias para atingir a glorificação literária. O escritor confrontou Adolfo Caminha, José Veríssimo, Rodrigues de Carvalho, Gomes de Matos, Osório Duque Estrada e Meton de Alencar em textos estampados em diversos periódicos, posteriormente reunidos na obra Os meus zoilos (1924). O livro dialoga intensamente com os debates da inteligência nacional do final do século XIX, os quais revelam tensões entre vários centros literários, tais como o Rio de janeiro, Recife e Fortaleza. O escritor integra uma tradição de polemistas brasileiros, a qual teve como importantes representantes José de Alencar e Silvio Romero. Para o desenvolvimento da pesquisa, situamos Rodolfo Teófilo na agitada vida cultural de Fortaleza, bem como a sua participação em várias agremiações literárias. Para o exame da ideia de glorificação literária, apoiamo-nos em O que é a literatura?, de Jean Paul Sartre (1ª ed. 1947), e O que é literatura?, de Raul Castagnino (1969); além de T. S. Eliot com o ensaio “Tradição e talento individual” (1989) e Pierre Bourdieu, com a categoria “consagração” (1996). Para o estudo do caráter discursivo da polêmica utilizamos Ruth Amossy, Apologia da polêmica (2017), Dominique Maingueneau, com a perspectiva da polêmica como interincompreensão, em Sémantique de la polemique, (1983), O contexto da obra literária (2001) e Gênese dos discursos (2005), a teoria de campo literário de Pierre Bourdieu, em As regras da Arte (1996) e a interpretação da literatura como um ‘esporte de combate’ (2017) de Antoine Compagnon. O embasamento historiográfico para o estudo da crítica e polêmica no Brasil: de Sílvio Romero, História da literatura brasileira, 2 volumes (1888), José Veríssimo, História da Literatura Brasileira (1916) e Estudos de literatura brasileira, 6 séries (1901-1907) e Araripe Jr. Júnior, Obra Crítica (1958-1966) 5 volumes. Também contribuíram para o enriquecimento dessa pesquisa: Alfredo Bosi (1992) e (2002); Roberto Ventura (1991); Antônio Cândido (1959) e (1988); Luiz Roberto Veloso Cairo (1996); Hans Robert Jaus (2004); Alberto Ferreira (1988); João Alexandre Barbosa (1974), (1996) e (2002); João Cezar de Castro Rocha (2011) e (2013) e Sânzio de Azevedo (1976), (1982), (1999) e (2011).