Pensamento complexo e educação para o futuro: entrelaçamentos na teia ideológica do capital

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Gomes, Valdemarin Coelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: www.teses.ufc.br
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/3270
Resumo: A crise na estrutura do capital (Mészáros, 2000) gera tensões em diferentes setores da prática social, impelindo o sistema à busca de mecanismos que restabeleçam seus patamares de acumulação. O campo educacional, tido como inadequado às demandas atuais da “nova ordem mundial”, apresenta-se como um complexo fundamental às disposições ideológicas necessárias à reprodução do sistema. Desse modo, torna-se comum a disseminação de pseudo teorias que ratificam a lógica do capital, a exemplo da teoria da complexidade, nosso objeto de investigação, difundida por Edgar Morin como a perspectiva imperiosa à operacionalização da reforma do pensamento que, para ele, é o urgente desafio a ser enfrentado se almejarmos romper com a pré-história da humanidade. Este trabalho tem como objetivo apontar os encontros ideológicos entre a perspectiva moriniana da Complexidade (pensamento complexo) e a formação da sociabilidade exigida pelo capital atualmente, que tem no projeto de educação para o futuro um de seus artifícios nucleares. Tal projeto, liderado por organismos a serviço da reprodução da ordem vigente, entre eles o Banco Mundial e a UNESCO, é legitimado através de eventos de âmbito global e da adoção de teorizações que corroboram, de uma forma ou de outra, com as determinações por eles fixadas. Ao confrontarmos o ideário reformista de Morin com os objetivos postos em curso pelo capital, concluímos que as proposições do autor francês são uma importante contribuição aos anseios burgueses, tanto pela supressão da contradição inconciliável entre trabalho e capital que resulta na presente condição da sociedade de classes, a qual impede a verdadeira história do mundo dos homens, quanto pelo fato da proposta de Morin não ultrapassar, sob qualquer aspecto, os limites permitidos pela lógica da produção de mercadorias, sendo esta, diga-se de passagem, o vetor primário da fragmentação do conhecimento por ele mesmo criticada. Disso decorre que o ideário moriniano situa-se no campo das teorizações que apontam para a possibilidade de humanização do capital, o que tem se mostrado uma preciosa mistificação (Mészáros, 2009). Nossa análise trouxe como fundamentação teórica a ontologia marxiana-lukacsiana, apontando, por essa via, que a emergência da autêntica humanidade só é possível mediante a completa superação da ordem do capital, horizonte em direção ao qual a reforma do pensamento alardeada por Morin é incapaz de nos fazer caminhar.