Contingências da vida: sobre corpos transformados em um mundo feito para capacitados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barros, Eudenia Magalhães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/61744
Resumo: Essa tese apresenta reflexões sociológicas acerca da experiência da deficiência, a partir das narrativas biográficas de sujeitos que tiveram seus corpos transformados devido a lesões permanentes em circunstâncias imprevistas. O objetivo desse trabalho foi apresentar uma discussão sobre as narrativas pautadas por experiências traumáticas e transformativas dos corpos, e sobre a busca pela reinvenção de si considerando a relação dialética entre esses discursos e as noções atuais de “deficiência”. Ao realizar diálogos com os Disability Studies, esse trabalho fundamenta-se na sociologia compreensiva e fenomenológica para entender em que medida as narrativas dos sujeitos alcançam diferentes formas de pensar as transformações do corpo e de suas experiências individuais. O estudo foi feito com ênfase nas abordagens biográficas, em especial nas estórias de vida narradas por sujeitos que passaram por episódios traumáticos, levando-os a adquirir lesões e, a partir disso, mudanças em várias instâncias das suas vidas. O campo de pesquisa foi constituído a partir de materiais diversos, trazendo entrevistas, livros biográficos e autobiográficos, e narrativas públicas de sujeitos acometidos por acidentes e/ou situações trágicas. Documentos e leis, cadernos de campo e vivências também compuseram esta análise. Os interlocutores dessa pesquisa retrataram memórias de um corpo que não existe mais mediante situações contingenciais, e o modo como tiveram que lidar com essa experiência. O “acidente”, compreendido analiticamente como um “evento crítico”, surgiu como um marcador nos desenhos biográficos concedidos pelos sujeitos. Nessa análise, a partir das narrativas dos interlocutores, foram evidenciados discursos que favoreceram a reinvenção do “eu”, compostos por elementos religiosos e relacionados a práticas esportivas, bem como questões sobre superação e sucesso. Esses aspectos fazem referência à maneira pela qual a transformação dos seus corpos fora vivenciada e ressignificada, visando um processo de reencontro com a vida a partir de diversas formas de reinserção social. Os resultados da pesquisa evidenciam que há uma produção de narrativas vinculadas à ideia de sujeito produtivo e bem- sucedido, em uma sociedade atravessada por valores neoliberais de sucesso individual, decorrente de iniciativas empreendedoras. Nesse sentido, o estudo apresenta perspectivas possíveis que tensionam convicções generalistas e normatizadoras sobre os modos pelos quais os sujeitos vivenciam suas corporeidades, e como estas reflexões contribuem para discutir as noções de “deficiência” na contemporaneidade.