Nutrição enteral suplementada com l-glutamina e sua ação sobre o processo inflamatório, o metabolismo glicolítico, o sistema imune e o estresse oxidativo de pacientes com síndrome da resposta inflamatória sistêmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Cavalcante, Ana Augusta Monteiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7679
Resumo: A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) caracteriza-se por uma liberação excessiva de mediadores inflamatórios a uma série de situações clínicas graves. A utilização da glutamina em doses nutracêuticas tem sido estudada como uma estratégia de proteção tecidual e metabólica em situações de estresse, melhorando a resposta imune de pacientes. Os efeitos da nutrição enteral suplementada com 30g/dia de glutamina sobre os marcadores inflamatórios, do metabolismo glicolítico, da função imune e do estresse oxidativo foram estudados em pacientes adultos e idosos com SRIS. Foi realizado estudo clínico prospectivo, randomizado, controlado, duplo-cego, cruzado. Trinta e seis pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva foram selecionados pelos critérios do estudo, diagnóstico da SRIS e score APACHE II (>10<20), distribuídos em dois grupos e submetidos à suplementação com 1 litro de dieta enteral suplementada com 30g de L-glutamina ou caseinato de cálcio ou 1 litro de dieta enteral suplementada com 30g de caseinato de cálcio ou L-glutamina por dois dias, intervalo de um dia somente com dieta, perfazendo quatro dias de dieta com suplementação. Amostras de sangue foram coletadas antes (T0) e após (T1) cada suplementação. Foram realizadas análises do hematócrito, leucócitos, linfócitos, monócitos, pré-albumina, uréia, creatinina, glicose, lactato, peptídeo-C e insulina, das IL-1, IL-6, IL-10, TNFα, glutationa, TBARS e dos aminoácidos glutamina e glutamato. Seis pacientes foram a óbito durante o estudo e trinta pacientes concluíram o estudo, sendo 16(53%) homens e 14(47%) mulheres, mediana de idade 74,4 anos (30-92 anos), moderadamente graves, mediana de APACHE II 13,1 (10-19) e mediana de ingestão calórica de 1464kcal/dia (792-1914kcal/dia). O uso L-glutamina em dose nutracêutica de 30g/dia não mostrou alterações nos parâmetros hematológicos. Houve aumento da uréia [Caseinato T1=47,000mg/dL (34,000-69,000mg/dL) versus Glutamina T1=50,000mg/dL (36,750-75,000mg/dL); p=0,030] na comparação intergrupos, mas não houve diferença estatisticamente significante de creatinina em nenhum dos grupos. Não houve alteração estatisticamente significante nos parâmetros inflamatórios (IL-1, IL-6, IL-10 e TNFα). A contagem de leucócitos diminuiu significantemente em ambos os grupos [Caseinato T0=13.650 1/mm3 (10.148-18.250 1/mm3) versus T1=11.500 1/mm3 (8.050-29.100 1/mm3); p=0,019] e [Glutamina T0=12.850 1/mm3 (11.155-15.550 1/mm3) versus T1=11.000 1/mm3 (9.200-16.325 1/mm3); p=0,046]. Houve aumento estatisticamente significante na contagem de linfócitos na comparação intergrupos [Caseinato T1=1.085 1/mm3 (805-1.363 1/mm3) versus Glutamina T1=1.916 1/mm3 (1.301-2.517 l/mm3); p<0,0001], uma diminuição estatisticamente significante no grupo Caseinato [T0=1.288 1/mm3 (834-2.209 1/mm3) versus T1=1.085 1/mm3 (805-1.363 1/mm3); p=0,0324] e aumento no grupo Glutamina [T0=954 1/mm3 (785-1.442 1/mm3) versus T1=1.916 1/mm3 (1.301-2.517 l/mm3); p<0,0001]. Observou-se redução estatisticamente significante na dosagem do TBARS na comparação intragrupos [Caseinato T0=20,56mol MDA/ml (13,64-20,56mol MDA/ml) versus T1=15,08 mol MDA/ml (13,64-20,56 mol MDA/ml); p=0,001] e [Glutamina T0=17,67 mol MDA/ml (8,11-34,98 mol MDA/ml) versus T1=16,52 mol MDA/ml (5,41-21,86 mol MDA/ml); p=0,020], mas não houve diferenças intergrupos. A concentração sanguínea de glutationa apresentou uma redução estatisticamente significante no grupo Caseinato (T0=486,00mol/ml±165,80mol/ml) versus T1=451,00±167,40mol/ml; p=0,047) e não houve diferença no grupo Glutamina, tampouco entre os grupos. Glutamina e glutamato não demonstraram diferenças estatisticamente significantes. Conclui-se que a nutrição enteral suplementada com glutamina em dose nutracêutica de 30g/dia em pacientes moderadamente graves promove um aumento dos linfócitos, contribui para reduzir a peroxidação lipídica e mantém a capacidade antioxidante da glutationa, interferindo de forma benéfica na modulação da resposta inflamatória e do estresse, mas não apresenta nenhum efeito sobre a concentração de citocinas ou parâmetros glicolíticos.