Especificidade semântica na representação de verbos de ação em pacientes com doença de Parkinson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Henrique Salmazo da
Orientador(a): Carthery-Goulart, Maria Teresa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do ABC
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Neurociência e Cognição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=106176&midiaext=74353
http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=106176&midiaext=74353/index.php?codigo_sophia=106176&midiaext=74354
Resumo: De acordo com a teoria da Cognição Corporificada (Embodied Cognition) o processamento de verbos de ação ancora-se na ativação de regiões corticais motoras. Estudos recentes indicam que em pacientes com desordens motoras centrais, como a Doença de Parkinson (DP), danos na representação frontal-basal-cortical-motora levariam a prejuízos no processamento de verbos de ação. Contudo, a literatura ainda dispõe de achados contraditórios sobre quais propriedades semânticas dos verbos de ação são afetados na DP e sobre como o tipo de tarefa (tarefas controladas e automáticas de processamento) influencia o desempenho desses pacientes. A especificidade dos verbos de ação ("varrer" é mais específico e semanticamente mais complexo do que "limpar" por detalhar como a ação é desempenhada) é uma variável psicolinguística que não foi acessada nos estudos da Cognição Corporificada. Os objetivos desse estudo foram comparar o desempenho de pacientes com DP e controles saudáveis em tarefas de nomeação de figuras, fluência verbal e associação semântica visual; e investigar o processamento de verbos de ação segundo graus de especificidade, utilizando medidas de tempo de reação (TR) e acurácia (ACC) em tarefas de decisão lexical e julgamento semântico. Método: Foram avaliados pacientes com DP sem declínio cognitivo e controles saudáveis (GC ¿ Grupo controle) com aptidão visual e motora para realizar os experimentos. Para atender ao primeiro objetivo foram usados testes de lápis e papel para avaliar possível diferenças entre substantivos e verbos (Estudo 1). Para testar o segundo objetivo foram usadas tarefas computadorizadas, com estímulos classificados de acordo com variáveis psicolinguísticas. Resultados: Nossos achados indicam que a DP elicia um déficit semântico em verbos de ação que dependerá do tipo de tarefa e da exigência cognitiva imposta sobre o processamento semântico. No estudo 1 os pacientes tiveram pior desempenho em verbos em tarefas de processamento semântico mais profundo, incluindo a nomeação e a associação semântica. No estudo 2 houve diferenças na contribuição das variáveis psicolinguísticas: os pacientes com DP tiveram maior TR que os controles em palavras com maior extensão na tarefa de decisão lexical e o efeito da especificidade foi observado no julgamento semântico apenas nos pacientes com DP, eliciando TR mais rápidos aos verbos mais específicos. Discussão: Ambos os experimentos vão a favor de uma abordagem flexível da Cognição Corporificada em que o tipo de tarefa e das propriedades psicolinguísticas dos verbos. O efeito de facilitação pela especificidade semântica dos verbos nos pacientes com DP sugere um efeito compensatório interligados às funções executivas, ao acesso semântico e a um possível recrutamento dos hubs semânticos e áreas relacionadas ao processamento visual dos movimentos. Contudo, essa última suposição carece de mais investigações.