Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2025 |
Autor(a) principal: |
Pita, Naira Santana
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Orientador(a): |
Magalhães, Denise Silva
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Banca de defesa: |
Magalhães, Denise Silva
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Dias, Clímaco César Siqueira
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Sousa, André Nunes de
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO)
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Departamento: |
Instituto de Geociências
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41597
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Resumo: |
O estudo teve como foco compreender a articulação da trajetória dos saveiros, presentes na Baía de Todos-os-Santos (BTS), Bahia, desde o século XVI, com as transformações socioespaciais do seu entorno, a partir de narrativas e reminiscências dos mestres saveiristas. Para o entendimento dos motivos que levaram às mudanças do uso dos saveiros como objetos técnicos e integrantes da cultura local, as análises e descrições realizadas neste trabalho foram feitas à luz da perspectiva do sistema técnico de Milton Santos (2020 [1996]), revelador da produção histórica da realidade em sua totalidade. Nesse seguimento, foi utilizado a noção de técnica atrelada aos saveiros, como mediadora entre o homem e o meio, bem como numa perspectiva histórica do materialismo aberto de Walter Benjamin, que, na sua obra, leva em consideração uma construção de experiência do passado. O saveiro foi elemento de unificação entre a antiga região do Recôncavo Baiano e a capital, foi a embarcação marítima responsável em cumprir várias funções no escoamento da produção do interior para Salvador e, posteriormente, exportadas para outros estados e países. As técnicas dominantes na região foram essenciais para o seu desenvolvimento econômico; a conformação física da baía e dos municípios do entorno requeriam técnicas que tornassem viável a exploração da área. O final do século XIX foi um período de intensas transformações técnicas que se consolidaram como marcos do processo de modernização: ferrovias, máquinas a vapor, novas infraestruturas de transporte, embarcações mais avançadas, além de novas técnicas de produção e cultivo que compunham este novo cenário do entorno da Baía de Todos-os-Santos. Nesse contexto, o capitalismo expandiu suas fronteiras e impôs a necessidade de adaptações tanto nos espaços quanto nas práticas e comportamentos dos indivíduos, estimulando uma reconfiguração das relações sociais e econômicas. O espaço geográfico da Baía de Todos-os Santos e dos municípios do seu entorno passam a ser redefinidos a partir das novas técnicas instaladas. A movimentação que antes acontecia por vias marítimas e fluviais passou a acontecer no interior desses municípios através das rodovias. As narrativas dos mestres saveiristas evocam um passado em que os saveiros desempenhavam um papel central na paisagem da Baía de Todos os-Santos; demonstram uma clara consciência da relevância histórica e econômica dos saveiros para a cidade do Salvador e seus municípios vizinhos; reconhecem as transformações técnicas que contribuíram para o gradual declínio dessa embarcação e admitem, nostalgicamente, que se não fosse pela função de transporte de materiais de construção para as ilhas e outras áreas de difícil acesso, os saveiros provavelmente já teriam desaparecido. Neste hiato, as reminiscências de um passado recente ainda soam nos municípios de Maragogipe, Jaguaripe e “navegam” pelas águas da Baía de Todos-os-Santos. |