Transitividade e gramaticalização do verbo pegar em dados de língua falada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Alcântara, Rebeca Cerqueira Andrade de
Orientador(a): Souza, Emília Helena Portella Monteiro de
Banca de defesa: Souza, Emília Helena Portella Monteiro de, Cardoso, Suzana Alice Marcelino da Silva, Campos, Lucas Santos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28677
Resumo: Este trabalho propõe verificar os graus de transitividade nos contextos de uso (transcrições de conversação/oralidade) com o verbo pegar e analisar quais os traços de transitividade, propostos por Hopper e Thompson (1980), que motivam os usos mais gramaticalizados/discursivizados. A metodologia aplicada baseia-se na abordagem Sociolinguística para análise em tempo real e aparente dos corpora do século XX, PEPP/SSA/ 90 (Programa para Estudos do Português Popular de Salvador/BA) e NURC/SSA/70 e 90 (Norma Urbana Culta da Cidade do Salvador/BA, nas décadas de 70 e 90). A fundamentação teórica utilizada baseia-se na abordagem Funcionalista norte-americana, na linha da gramaticalização/discursivização e nos graus de transitividade, propostos por Hopper e Thompson (1980). Esses autores apresentam dez traços para verificar a transitividade: 1) número de participantes, 2) cinese, 3) aspecto, 4) punctualidade, 5) polaridade, 6) modalidade, 7) agentividade do sujeito, 8) volição/ intencionalidade/ controle, 9) individuação do objeto e 10) afetamento do objeto. Após a contagem da quantidade de traços de transitividade da sentença com o verbo, verifica-se se há até cinco traços, constatando que é uma sentença de baixa transitividade; e se há mais de cinco traços, trata-se de uma sentença de alta transitividade. O continuum de gramaticalização/discursivização desse verbo dá-se por usos com sentido pleno, do mais concreto ao menos concreto, até as sentenças em que o pegar aparece como as Construções Foi Fez (CFFs), sequenciador intensificador/ focalizador, às frases-feitas/ discursivizadas. Dados já analisados mostraram que os graus de transitividade variam de sentença para sentença e que há traços de transitividade em toda e qualquer sentença, mesmo naquelas chamadas, pela tradição gramatical, de intransitivas, pois a transitividade dá-se no contexto e não centrada no verbo, porém em se tratando da análise do verbo pegar em CFFs, em sequenciadores intensificadores e frases-feitas/ discursivizadas há perda de traços característicos de verbo, não se podendo analisá-lo de acordo com os dez traços de Hopper e Thompson (1980), pois o pegar perde em significação e em traços gramaticais, deixando de selecionar argumentos e se constituindo como um tipo de construção de predicação complexa.