Leptospiras nas Américas de 1930-2017: um estudo sobre diversidade de sorovares patogênicos e nicho ecológico.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Browne, Ericka Souza lattes
Orientador(a): Costa, Federico
Banca de defesa: Costa, Federico, Mise, Yukari Figueroa, Natividade, Márcio Santos da, Souza, Thadeu Sobral de, Previtali, Maria Andrea
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40085
Resumo: A leptospirose é um problema de saúde pública, e está entre as doenças negligenciadas do mundo. É uma doença infecciosa zoonótica causada por bactérias do gênero Leptospira, que possui elevada diversidade de sorovares e de reservatórios. Sendo assim, é de essencial importância conhecer a distribuição geográfica de sorovares e seus nichos ecológicos. Este estudo teve como objetivo geral: Caracterizar a diversidade de leptospiras patogênicas nas Américas e sua relação com seus nichos ecológicos e impacto na transmissão da leptospirose. Respondemos a esse objetivo através de três artigos. Artigo 1: O objetivo foi caracterizar a distribuição geográfica dos sorovares patogênicos de leptospiras nas Américas, a partir de uma revisão sistemática entre 1930 a 2017, onde foram identificados um total de 1310 artigos. Após avaliação por critérios de inclusão e exclusão com base na revisão de título e resumo, permaneceram 750 artigos. Por fim, a avaliação do texto completo e analisados 283 artigos, dos quais 69 foram realizados em humanos, 86 em animais silvestres e 182 em animais domésticos, maior parte deles realizados no Brasil (104), em ambientes rurais, sendo os sorovares mais frequentes: o Icterohaemorrhgiae, Pomona, Canicola e Grippotyphosa. Os resultados encontrados apontam para uma concentração de pontos georreferenciados na América latina, principalmente no Brasil. Além disso, estudos que aprofundem sobre as características ambientais devem ser explorados. Artigo 2: Este estudo tem como objetivo analisar a prevalência de leptospirose nas Américas, a partir de uma revisão sistemática com metanálise, no período de 1930 a 2017, realizada em seis plataformas de pesquisa: PubMed, Web of Science, Scopus, Lilacs, Embase e Cochrane. Os artigos (77) foram encontrados em todos os países das Américas; Norte (11, 14%), Central (9;11%) e Sul (42; 53%); maior parte proveniente de zona rural (12;15%) e 53 (67.9%) artigos são de 2000 a 2017. A prevalência geral média de leptospirose em todos os artigos corresponde a 28% (0.23-0.32) IC 95%. Os países com maior prevalência foram EUA (41%), Brasil (21%) e Colômbia (29%). Os sorovares mais frequentes encontrados foram: Icterohaemorrageae (43;55%), Canicola (35; 45%), Pomona (28; 36%) e Grippotyphosa (26;33%). Existe uma variabilidade de espécies e sorovares de Leptospira distribuídas de forma heterogênea pelas Américas, com alta prevalência em alguns países, o que mostra ser necessário empreender ações para o controle dessa doença que ainda é negligenciada no mundo. Artigo 3: O objetivo investigar o a distribuição geográfica atual e o impacto de diferentes cenários de mudanças climáticas na distribuição geográfica potencial de sorovares patogênicos de leptospiras circulantes nas Américas. Informações relacionadas aos sorovares incluindo localização e reservatório foram extraídas de artigos identificados através de uma revisão sistemática de 1930-2017. Varáveis ambientais foram utilizados como preditoras na modelagem de nicho ecológico. As análises foram baseadas na escala de transmissão da leptospirose no tempo e no espaço, considerando sorovares patogênicos, tendo em vista RCP 4.5 e RCP8.5, para os anos de 2050 e 2070. Os resultados apontam para um potencial conservação de transmissão de leptospirose em cenários de mudanças climáticas globais, principalmente na América central e sul. E, finalmente, acredita-se que a partir dos achados encontrados, será possível mitigar ações de conservação ambiental com a finalidade de controlar e reduzir as consequências das mudanças de temperatura futuras, que são variáveis importantes para a transmissão da leptospirose.