Os Iny (Karajá) na encruzilhada dos horizontes ontológicos do Ser e do Estar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rapkiewicz, Dilson Miguel
Orientador(a): Sousa, Leliana Santos
Banca de defesa: Bittencourt, Gustavo Machado, Silva, Neusa Vaz, Albuquerque, Judite Gonçalves, Jesus, Djane Santiago, Santana, Marise de, Sousa, Leliana Santos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Ser
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29078
Resumo: A presente tese é a culminância de uma trajetória investigativa denominada: Os Iny (Karajá) na encruzilhada dos horizontes ontológicos do ser e do estar. Em torno deste tema, e no conjunto intersecção dessa relação entre mundos, cognição e cultura se entrecruzam, e evidenciam um modus operandi particular, quando esses dois horizontes de compreensão da vida e as experiências humanas de mundo que lhes são subjacentes entram em contato. Os enredamentos destas visões de mundo desenham no chão da vida um sistema complexo de relações, cuja configuração denota um trânsito entre culturas, abrigando no seu interior um interatuar de atores sociais contracenando, cujos papéis e suas performances nos remetem a entender como a cultura (ou as culturas) cria seus próprios mecanismos para compreender, viver, conviver e existir no e com o mundo. Para compreender este interjogo existencial, é imprescindível não perder de vista que estamos tratando da interface de dois horizontes culturais, e que a estes correspondem distintas visões de mundo e formas de se instalar na vida. Por um lado, temos o horizonte ontológico da cultura ocidental, cujo código de valores de interpretação da atividade humana, em suas múltiplas manifestações, se estrutura desde um núcleo significativo dado pelo “esforço de ser”. Por outro lado, temos o horizonte do “estar sendo” Iny (Karajá), cuja matriz epistêmica busca suas referências em outras nascentes, e que no âmbito desta tese nos remetem à Comunidade Iny de Krehawa (São Domingos), região do Araguaia – Norte do Mato Grosso, Sul do Pará, Norte do Tocantins. Neste território os saberes Iny são narrados desde suas origens ancestrais. Para compreender esta relação entre mundos, o casamento intercultural constitui o lócus emblemático, desde onde puxo o fio destas discussões e aos poucos me adentro pelos meios e pelas adjacências que a intercorrem. Puxando este fio, andarilho, priorizando os caminhos em detrimento das metas, a subjetivação-objetivação opera simultaneamente, num exercício de não deixar-se engessar por regras ou protocolos. Por estes caminhos, além da experiência de longos anos com os povos indígenas e a sabedoria Iny, a Antropologia Filosófica de Rodolfo Kusch e o referencial teórico de outros intercessores, compõem o andaime epistêmico que dão sustentação a esta análise cognitiva. Assim, os conceitos de cultura, geocultura e interculturalidade se integram aos fundamentos desta pesquisa qualitativa, alicerçada pelo exercício da observação participante e pela elaboração de diários de campo, instrumentos de pesquisa que entremearam a tessitura desta Tese de Doutoramento. Logo, a cartografia desta escrita e suas reflexões constituiu um espaço/tempo filosófico de onde ecoaram saberes que levaram em conta as mediações epistemológicas que informaram as tensões e distensões dos processos cognitivos em jogo na região do Araguaia.