Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico em indivíduos com hipotireoidismo congênito em tratamento com reposição de levotiroxina.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Hélida Braga de
Orientador(a): Alves, Crésio de Aragão Dantas
Banca de defesa: Alves, Crésio de Aragão Dantas, Mamede, Renata Mota, Salles, Isabel Cristina
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação: Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/17940
Resumo: Os hormônios tireoidianos (HT) são fundamentais para o desenvolvimento de vários órgãos e sistemas, dentre eles o sistema nervoso auditivo central (SNAC). Alterações auditivas podem estar presentes em pacientes com hipotireoidismo congênito (HC), mesmo na presença de limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade. Neste sentido, o exame eletrofisiológico - potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), permite a avaliação da sincronia neural das vias auditivas e detém a sensibilidade em detectar lesões subclínicas, antes mesmo de apresentarem possíveis sintomas ou sinais auditivos. Objetivo: Investigar a sincronia neural do sistema nervoso auditivo em indivíduos com HC, por meio do PEATE, bem como avaliar a associação dos exames audiológicos com a idade do diagnóstico, tempo da doença, etiologia, dosagem sérica de TSH e T4L nos exames diagnósticos e auditivos. Materiais e método: Estudo exploratório descritivo com amostra por conveniência, composta por pacientes com HC em tratamento com levotiroxina com idade ≥ cinco anos. Pacientes com TSH (hormônio tireoestimulante) anormal em uma ou mais consultas foram classificados como hipertratamento (TSH ≤ 5 µUI/mL) e hipotratamento (TSH ≥ 15 µUI/mL). Como instrumento de pesquisa utilizou-se a audiometria tonal e vocal, imitanciometria e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). A análise estatística utilizou o software estatístico R (R Development Core Team, 2014). As variáveis contínuas foram descritas como média, desvio padrão, valores máximos e mínimos. Utilizouse o Teste t de Student para analisar variáveis paramétricas, e testes de Pearson e Spearman para correlações entre outras variáveis. Resultados: A média de idade quando do exame diagnóstico foi de 51,7 (±41,6) dias. Os níveis séricos dos hormônios TSH e T4L, no exame diagnóstico, obtiveram médias de 85,6 µUI/mL (±112,3) e 1,17 ng/dL (± 0,85), respectivamente. A média do tempo de tratamento desde o diagnóstico foi de 8,31 anos (±3,09) anos. Na ultrassonografia da tireoide, 70,4% possuíam tireoide na posição tópica, sendo a disormonogênese a forma etiológica mais frequente. No seguimento hormonal analisando o tempo compreendido entre o diagnóstico e a idade atual dos pacientes, verificouse que 97% dos pacientes apresentaram ao menos um episódio de irregularidade nos níveis séricos do T4 livre até a idade atual, 75% indivíduos tiveram valores de TSH suprimido e 55,81% de TSH > 15 µUI/ml. No dia da avaliação audiológica, 60% dos indivíduos apresentaram níveis séricos de T4 livre e TSH regularizados. Não foram encontradas alterações nos limiares auditivos tonais e vocais. Das 88 orelhas investigadas, 11,4% tiveram reflexos acústicos ausentes e 9% elevados. Em relação ao PEATE houve diferença significativa às latências absolutas e interpicos entre as orelhas (p<0,05). Correlação de grau moderado e significante ao nível de 5% foi documentada entre a idade do diagnóstico e as latências interpicos I-III (r = 0,32, p= 0,029) e I-V (r = 0,36, p=0,16), na orelha direita. Discussão: A ausência de reflexos acústicos estapedianos e os resultados do PEATE sugerem correlação significativa entre a idade de início do tratamento e a sincronia neural tanto entre o nervo auditivo e complexo olivar superior, quanto ao tronco encefálico. Não foi observada correlação entre faixa etária, etiologia, tempo do HC e níveis séricos de TSH e T4 livre no dia do PEATE. Conclusão: Crianças com hipotireoidismo congênito e início tardio do tratamento com LT-4, ainda que normo-ouvintes, podem apresentar comprometimento nas vias auditivas centrais, possivelmente, devido o período da deficiência hormonal.