Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Gomes Filho, José |
Orientador(a): |
Souza, Iracema Luiza de |
Banca de defesa: |
Machado, Rosa Helena Blanco,
Madureira, André Luiz Gaspari,
Zoghbi, Denise Maria Oliveira,
Costa, Iraneide Santos |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27333
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Resumo: |
Esta pesquisa buscou analisar, no discurso dos homens em situação de rua que residem na Comunidade da Trindade, na Cidade do Salvador, a construção da subjetividade, da identidade do Jornal Aurora da Rua, cuja representação sobre o morador de rua é diferente em relação ao Jornal Boca de Rua, de Porto Alegre, por isso são identificadas as semelhanças e as diferenças entre estes dois jornais de rua, a partir de categorias como língua, discurso, cultura e mídia alternativa. Já que a pesquisa se situa na área da Linguística Aplicada, usou-se, como embasamento teórico, a Análise do Discurso pêcheutiana, tendo em vista que, nas análises, foi central o conceito de formação discursiva ou formações discursivas, tal qual Pêcheux (1975) e Courtine (1981) a conceberam, como o conceito de heterogeneidade discursiva a partir da heterogeneidade enunciativa (AUTHIER-REVUZ, 1990) e o da polifonia (BAKHTIN, [1929]2013 b), a emergência dos Estudos Culturais como aporte teórico complementar na construção de uma representação baseada no direito à cidadania e ao poder de identidade do morador de rua; o conceito do cinismo grego (SLOTERDIJK, 2012) e o de carnavalização (BAKHTIN, [1946]2013 a) que, por efeitos da memória discursiva, provocam constante atualização, regulando ou modificando aquilo que é dito no nível do intradiscurso, o que pode modificar a formulação de novas formações discursivas. Foram eleitos como corpora os textos do jornal Aurora da Rua, cuja produção e veiculação foram feitas pelos próprios moradores ou ex-moradores de rua em Salvador, em comparação com o jornal Boca de Rua, também publicado pelos moradores de rua de Porto Alegre como mídias alternativas, inspiradas em mídias de movimentos populares; as entrevistas com as pessoas que moram na Comunidade da Trindade e vendem o jornal; as observações do Diário de Pesquisa sobre o cotidiano dessas pessoas. A pesquisa foi qualitativa, de natureza etnográfica porque se baseou na análise de dados (jornais), usando-se a amostragem como técnica, a observação participante, as entrevistas com pessoas de rua que vendem o jornal, bem como com os ex-moradores de rua, os mediadores da Comunidade da Trindade onde o jornal é planejado e produzido. Analisando os textos e as imagens, observou-se que os moradores de rua encontram, no jornal Aurora da Rua, uma imagem positiva de si mesmos, porque existe um discurso singular em que, na descrição do funcionamento discursivo do seu dizer (intradiscurso), identificam, na memória discursiva (interdiscurso), os valores que legitimam essa formação imaginária e, assim, constroem uma representação que se opõe a outras representações construídas pela sociedade. Eles formulam um dizer discursivo que lhes devolve a autoestima e ganha visibilidade social, um sonho de muitos moradores de rua, espalhados por várias cidades brasileiras, em especial, a Cidade do Salvador. |