Tecituras ambientais nas margens escolares para ensinos de ciências insurgentes.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Molano, Javier Giovanny Sánchez
Orientador(a): Almeida, Rosiléia Oliveira de
Banca de defesa: Pereira, Celso Sánchez, Cunha, Marlécio Maknamara da Silva, Cruz, Izaura Santiago da, Barzano, Marco Antônio Leandro, Pinheiro, Bárbara Carine Soares, Almeida, Rosiléia Oliveira de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Ensino, Filosofia e História das Ciências
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32840
Resumo: O autor-ator, através de uma estratégia cartográfica, mergulha em um trabalho de campo em duas escolas públicas da periferia de Salvador Bahia, selecionadas por meio de uma chamada pública em que se oferece como professor auxiliar. Assim, entra em contato com diversas/os professoras/es de ciências naturais e exatas, conseguindo abordar algumas práticas e processos escolares. O relato dessas interações foi alimentado a partir de suas memórias, anotações de campo, registros audiovisuais e as resenhas e comentários das/os atrizes/atores envolvidas/os; descrevendo, interpretando e analisando como a dimensão ambiental está presente nos sentidos e significados que as/os sujeitos envolvidas/os oferecem às suas práticas escolares. Essa estratégia metodológica que batizamos como Cartografias dos Cotidianos Escolares, foi inspirada nas orientações em torno da etnopesquisa em educação elaboradas por Macedo, que dialogam com o paradigma da polifonia exposto por Clifford, e com as propostas da sociologia do cotidiano defendidas por Michel de Certeau; também contemplando os desafios que se expressam, na experiência de campo no nível das subjetividades e dos afetos, teorizados nas Cartografias afetivas de Kastrup e Rolnik. Para a análise de suas experiências, o autor-ator construiu um referencial teórico tecendo interfaces cultura-ambiente-ciência-educação. Da perspectiva interpretativa do conceito de cultura (Geertz), e de diferentes desdobramentos pós-coloniais da análise cultural (Bhabha; Hall; Garcia-Canclini) postos em diálogo com o conceito de artes de fazer (Certeau) gera discussões sobre o alcance, as limitações e os desafios desses desdobramentos para compreender os processos escolares nas periferias urbanas da América Latina. Projetando o conceito de Interculturalidade Antropofágica como uma dinâmica cultural que permitiria a apropriação criteriosa e crítica de conhecimentos e epistemologias hegemônicas, ao mesmo tempo que valoriza outros saberes, comunais, ancestrais e populares colocando-os em diálogo e contato em função dos desejos e necessidades das populações oprimidas do Sul Global. A seguir, apropria-se da representação ampliada do ambiente expressa por Guattari por meio do conceito de ecosofia. Essa representação, articula os aspectos ecológicos, sociológicos e psicológicos dos desafios contemporâneos da humanidade. Permitindo que estabeleça diálogos com as coloridas tecituras ambientais feitas a partir da prática política dos Movimentos Sociais da América Latina e, de teóricos como Reigota, de quem toma seus desenvolvimentos na educação ambiental; e, Leff, de quem é tomado o conceito de racionalidade ambiental, estabelecendo horizontes axiológicos para as práticas e processos de educação intercultural. Estas Tecituras Ambientais que se projetam em valores de justiça social, sustentabilidade ecológica, diversidade cultural e participação democrática, fundamenta concepções contra-hegemônicas ou pós-normais de ciência desenvolvidas por Boaventura de Sousa Santos desde o pragmatismo epistemológico e Lacey desde a pesquisa multiestratégica. Essas ciências contra-hegemônicas articuladas às pedagogias críticas e decoloniais de Walsh, Mclaren e Candau, tornam possível propor o arcabouço de Ensinos de Ciências InSURgentes ECI, que escapam a qualquer tipo de teleologia ou dogma biologicista, ecologicista, culturalista, historicista ou economicista. A aplicação do referencial teórico sintetizado acima para a análise do relato de campo, mostra o imenso potencial das Tecituras Ambientais para a transversalização e integração curricular. Bem como algumas limitações para o desenvolvimento de processos e práticas ECI que foram percebidas nas Feiras Escolares de Ciências que ocorreram em 2017 e 2018 nas escolas selecionadas.