Eu quero ter esse direito a escolha: formações discursivas e itinerários abortivos em Salvador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gonzaga, Paula Rita Bacella
Orientador(a): Aras, Lina Maria Brandão de
Banca de defesa: Souza, Ângela Maria Freire de Lima e, Jesus, Mônica Lima de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23882
Resumo: Essa dissertação se apropria das contribuições foucaultianas sobre formações discursivas, discursos, análise do discurso para analisar que formações discursivas estão presentes na construção de signos sobre aborto entre mulheres que já recorreram a essa prática e como elas operaram nos seus itinerários abortivos e impactam nas suas vidas após essa decisão. Considerando a composição sócio-histórica das palavras e dos seus significados, a primeira parte do trabalho consiste numa pesquisa de cunho genealógico sobre a estruturação dos significados sobre aborto e contracepção no ocidente. Em sequência, analisa como eles se mantêm atuantes na realidade contemporânea da América Latina e, principalmente, no Brasil. A abordagem metodológica é de cunho qualitativo, sendo utilizadas entrevistas narrativas com doze mulheres que já vivenciaram experiência do abortamento provocado, que consentiram participar da pesquisa através do Termo de consentimento Livre e Esclarecido. Ao todo foram analisados vinte e dois relatos de interrupções de gravidezes realizadas pelo grupo. Os dados foram analisados sob a perspectiva da análise do discurso francesa, especificamente a partir da teoria foucaultiana sobre os discursos e as relações de poder. As informantes apresentam construções polimorfas do discurso, perpassadas pelos conceitos historicamente construídos e legitimados pela religião, pelo direito e pelo movimento feminista. Os discursos punitivos, sejam religiosos ou jurídicos, apenas funcionam como instrumentos de produção de insegurança e conflitos internos. Desse modo, o exercício da resistência diante dessa estrutura de exercício de poder precisa ser concebido para além da interrupção, mas da elaboração de enunciados que corroboram a autonomia das mulheres sobre seus próprios corpos. A exploração da capacidade reprodutiva das mulheres se constitui numa norma social, portanto, quando existe subversão desta norma é a sociedade que estas mulheres estão mobilizando, não apenas a vida doméstica. As informantes reivindicam a interrupção da gravidez como uma decisão que suscitaram de modo autônomo. É possível identificar que, por caminhos distintos e com influências que se assemelham parcialmente, as doze mulheres dessa pesquisa analisaram a conjuntura em que viviam no momento em que engravidaram e decidiram pela interrupção como meio de manter ou possibilitar a aquisição de estabilidade e ascensão social, econômica ou até mesmo da própria dinâmica familiar.