“Coisas dignas de memória”: a escrita franciscana na narrativa da custódia de Santo Antônio do Brasil, de Fr. Manuel da Ilha (1621)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Franca, Rafaela Almeida Leovegildo
Orientador(a): Pacheco, Moreno Laborda
Banca de defesa: Gouveia, Antônio Camões, Bellini, Lígia, Pacheco, Moreno Laborda
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33879
Resumo: Entre os séculos XVI-XVII, observou-se, em Portugal, um período de efervescência da literatura religiosa. Neste período, identifica-se o crescimento da produção, tanto impressa quanto manuscrita, de diversas tipologias da literatura devota e espiritual. Entre as ordens religiosas, houve um destacado aumento do gênero cronístico. Religiosos dos diferentes institutos recorreram às crônicas com o intuito de construir uma memória ilustre para suas respectivas congregações. Nos escritos deste gênero, reuniam-se informações como a história de fundação dos conventos, biografias de frades ou freiras de vida exemplar, e os eventos considerados mais relevantes para a trajetória daquele determinado instituto. Fabricadas sob o comando e a supervisão das instâncias superiores das ordens religiosas, as crônicas assumiam o lugar de narrativa oficial, estando submetidas à vigilância e aprovação internas. O presente trabalho tem como principal objeto de análise uma dessas crônicas, fabricadas neste momento de evidência do gênero. A pesquisa aqui apresentada toma como ponto de partida a Narrativa da Custódia de Santo Antônio do Brasil, escrita em 1621 pelo franciscano Fr. Manuel da Ilha. Esta obra retrata o estabelecimento da Ordem dos Frades Menores no Brasil, descrevendo o processo de construção dos primeiros conventos e o cotidiano dos frades que os habitavam. Embora escrita por um cronista do reino, a Narrativa oferece um registro sobre a atuação dos franciscanos na conversão dos indígenas, narrando as dificuldades e, sobretudo, os sucessos alcançados pelos frades nesta empreitada. Colocando esta crônica em diálogo com outros registros franciscanos, fabricados no mesmo período, o estudo aqui desenvolvido procura examinar as principais linhas de força que conduziam a produção escrita da Ordem dos Frades Menores. O intuito é não apenas perceber como os textos franciscanos refletiam as questões de seu tempo, mas em que medida os frades capitalizaram a escrita como ferramenta de poder em meio a este contexto.