O que podem as pedagogas? hierarquia de saberes e gênero numa instituição de ensino tecnológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Fonseca, Amilde Martins da
Orientador(a): Souza, Ângela Freire de Lima e
Banca de defesa: Souza, Ângela Maria Freire de Lima e, Vanin, Iole Macedo, Casagrande, Lindamir Salete, Rocha, Maria Custódia Jorge da, Holanda, Violeta Maria de Siqueira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23852
Resumo: O objetivo geral deste estudo é analisar implicações de gênero no exercício profissional das mulheres pedagogas que integram a Equipe Técnico Pedagógica do Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - ETEP/IFRN, bem como nas relações de poder que se estabelecem entre elas e a equipe docente e gestora do Instituto. A ETEP, composta por noventa e três pessoas, das quais 78% são mulheres, atua na intermediação do processo ensino/aprendizagem numa instituição cuja tônica é ciência e tecnologia e seu quadro de docentes é majoritariamente composto por homens, graduados nas engenharias e outras ciências duras. O estudo contempla também a exploração sobre a compartimentalização sexua do trabalho, demonstrando que existem espaços segregados e hierarquizados no interior do instituto. Divisa, ainda, a partir do Projeto Político Pedagógico, as explicações e justificativas utilizadas pelo discurso burocrático institucional e reflete sobre as concepções, princípios e fundamentos do currículo e das práticas institucionais. Analisa o discurso de 19 pedagogas que compõem a ETEP/IFRN esquadrinhando a percepção que essas mulheres expressam sobre o processo de (re)construção de suas identidades de gênero em relação ao espaço em que desenvolvem as atividades inerentes ao cargo que ocupam, considerando a compreensão que as mesmas demonstram sobre o processo de generificação da sociedade e notadamente da instituição campo desse estudo. Delineia assim, alguns dos inúmeros obstáculos intrínsecos ao gênero que se apresentam no cotidiano das mulheres pedagogas da ETEP/IFRN. Apresenta obstáculos externos, arquitetados na sociedade e inerentes ao processo de socialização das mulheres, processo esse que naturaliza as desigualdades entre os sexos e a partir delas explica as desigualdades de gênero. E os obstáculos internos, que são específicos de um sistema duplamente patriarcal: por ser a instituição um espaço de ciência e tecnologia e ser próprio desse campo o reinar do androcentrismo, e por ser esse um ambiente no qual a gestão é ocupada majoritariamente por homens. A análise, apoiada nas Epistemologias Feministas, em especial a Standpoint Theory, na produção de autoras brasileiras no campo dos Estudos Feministas da Ciência e da Tecnologia, nas Teorias Críticas do Currículo, em elementos do pensamento pós-moderno sobre currículo, nas pedagogias feministas e na Análise de Discurso em sua linha francesa possibilitou compreender como o viés de gênero perpassa a realidade da instituição e como o androcentrismo consegue manter-se nesse ambiente. Proporcionou ainda depreende como as construções sociais e científicas hegemônicas ocultam as contribuições das mulheres, legitimam a dominação masculina e engendram os espaços simbólicos. Os dados demonstram considerável discrepância numérica com relação ao gênero: os homens constituem maioria em todas as esferas analisadas e assumem as disciplinas que conferem status. Não há espaço para as mulheres na gestão pois 85% dos cargos são ocupados pelos homens. A análise reitera o funcionamento da lógica binária assimétrica, que invisibiliza as mulheres e nega-lhes oportunidades. Confirma também que a representação conferida às mulheres pedagogas da ETEP/IFRN as coloca em ampla desvantagem com relação ao corpo docente e à equipe gestora. O estudo mostrou, pois, que a forma como tem se processado o trabalho das pedagogas, requer para sua mudança, uma reestruturação no pensamento institucional. Essa, diz respeito à valorização, respeitabilidade e autonomia necessárias para a construção de uma atuação à altura da competência da equipe e da excelência do Instituto.