Tornar-se “velha”: significados de velhice para mulheres idosas na cidade de Salvador-Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos, Julianin Araujo
Orientador(a): Motta, Alda Britto da
Banca de defesa: Lordelo, Lia da Rocha, Baouer, Josimara Aparecida Delgado
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24415
Resumo: O envelhecimento é uma questão global e particularmente feminina, pois as mulheres estão tendo uma maior expectativa de vida em relação aos homens, de modo que a feminização da velhice é uma realidade em nosso país. A ideia vigente dos “idosos” como um grupo homogêneo, dentre outras questões, invisibiliza as diferenças existentes no modo de vivenciar a velhice que são marcadas pela múltipla pertinência às categorias que organizam a vida social como sexo/gênero, raça/etnia, idade/geração e classe. Essa homogeneização da velhice, contraditoriamente, se utiliza de um termo no masculino para englobar uma experiência que na sua maioria é vivenciada por mulheres, mas que é invisibilizada, por isso, faz-se necessário ouvir as mulheres idosas para compreender os seus significados e o modo como vivenciam a velhice. A partir da compreensão do desenvolvimento – biológico, psicológico, social – como um sistema aberto no qual a novidade está constantemente em processo de ser criada e da compreensão da cultura como parte do sistema psicológico da pessoa, a Psicologia Cultural contribui para o estudo dos significados da velhice, pois considera que no processo de internalização cultural todas as pessoas estão transformando ativamente as mensagens culturais que recebem, ao invés de serem meros receptores passivos dessas mensagens. Ainda que as mensagens recebidas sejam semelhantes para diferentes pessoas, o modo através do qual essas mensagens serão transformadas e reconstruídas, através do processo de significação, será feito de forma única por cada pessoa. O presente estudo se caracteriza por ser exploratório e descritivo, de cunho qualitativo e se propôs a compreender quais os significados de velhice para mulheres idosas na cidade de Salvador. Foi utilizada a técnica de entrevistas narrativas por considerar que o indivíduo, a partir da narrativa, é capaz de dar significado a sua experiência e transmiti-la. Foram entrevistadas 24 mulheres idosas entre 60 e 95 anos, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, sendo que as entrevistas foram audiogravadas e, posteriormente, transcritas. Dentre os achados da pesquisa, um aspecto relevante se refere ao fato de que os significados de velhice não são construídos a partir do momento em que a pessoa completa 60 anos, idade legalmente reconhecida no Brasil como marco inicial da velhice; os significados de velhice para essas mulheres idosas parecem fazer parte de uma significação construída desde a infância, para a maioria delas, a partir da convivência com pessoas idosas como, por exemplo, suas avós. Do mesmo modo os resultados acerca dos significados de velhice indicaram que o processo de tornarem-se velhas e a construção da percepção de que são velhas, não perece depender do fato das participantes terem chegado aos 60 ou mais de idade, as participantes demonstraram, através de suas narrativas, que tornarem-se velhas ocorre de modo diferente para cada uma a depender da sua história de vida, da sua situação social e econômica, da sua significação de velhice construída ao longo da vida.