Trusting homebirth: emergent epistemologies in Caeté-Açu, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Schut, Aischa
Orientador(a): McCallum, Cecilia Anne
Banca de defesa: Ramos, Danilo Paiva, Fernandes, Felipe Bruno, Rezende, Claudia Barcellos, Williamson, Kathryn Eliza, McCallum, Cecilia Anne
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33797
Resumo: Esta tese apresenta uma investigação sobre as formas com quais mulheres e acompanhantes de parto no Capão se engajam em atos e noções de confiança relacionados ao parto domiciliar. A contingência inerente ao parto foi um motivo para todas as mulheres e acompanhantes de parto desta pesquisa embarcarem em uma jornada em busca de confiança. As práticas obstétricas hegemônicas no Brasil estão bastante distantes do que têm sido consideradas ‘boas práticas’ no parto domiciliar, sobretudo na assistência ao parto altamente híbrida e ‘mutuamente acomodada’ no Capão. Por causa desse caráter 'distante' e subversivo do parto domiciliar no contexto obstétrico brasileiro, 'escolher' o parto domiciliar parece intensificar ou aumentar a necessidade dessa busca por confiança. Destaco que a contra-hegemonia e a busca intensificada por confiança relacionada ao parto domiciliar em Capão resultaram em ‘epistemologias emergentes’, ou uma variedade de contextos locais e estruturados nos quais o conhecimento (e a ‘verdade’) são continuamente produzidos. Exponho um conjunto em que consistem essas epistemologias e argumento que elas, e o desafio inevitável que representam para as epistemologias autoritativas sobre o parto no Brasil, estão em emergência contínua em grande parte porque a busca pela confiança e ao engajamento em noções e atos de confiança também emergem continuamente. O caráter ‘emergente’ dessas buscas por confiança está altamente conectado à contingência da ‘navegação reprodutiva’ das mulheres. Esta contingência se deve às muitas ‘conjunturas vitais’ resultantes da ‘sociabilidade e fisicalidade do corpo’. Pelo fato de o parto em casa no Brasil parecer intensificar a busca por confiança e, consequentemente, produzir epistemologias emergentes, e por Capão ser referência nacional em assistência ao parto domiciliar, tem se mostrado um contexto particularmente interessante para investigar e contribuir com a literatura existente sobre noções e atos de confiança e epistemologias emergentes. O fato de o parto domiciliar ser a principal ‘modalidade’ de parto no Capão resulta de uma variedade de forças sociais, políticas, económicas e culturais. Mais especificamente, as conjunturas únicas dos residentes e visitantes do Capão, o contexto mais amplo e hegemônico da obstetrícia no Brasil, o desenvolvimento histórico local da assistência ao parto, seus acompanhantes de parto e sua localização geográfica. Eu questiono as estruturas subjacentes das 'decisões' das mulheres de dar à luz em casa e os possíveis resultados negativos do que acontece quando o nascimento entra no reino da mercantilização, estimulando a adoção de uma 'identidade de consumidora’ (CRAVEN, 2007) através da qual as mulheres parecem ter a agência para escolher onde e com quem eles gostariam de dar à luz. Eu argumento que, por meio desses mecanismos, as práticas de parto domiciliar e as epistemologias emergentes relacionadas a elas podem contribuir, em vez de desafiar a ‘reprodução estratificada’.