Fiz para me sentir mulher outra vez: corpo, construção de gênero e cirurgia plástica estética entre mulheres de Salvador- Bahia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Marinho, Márcia Cristina Graça
Orientador(a): Iriart, Jorge Alberto Bernstein
Banca de defesa: Goldenberg, Mirian, Berger, Mirela, Trad, Leny Alves Bomfim, Torrenté, Monica de Oliveira Nunes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26323
Resumo: A prática de cirurgias plásticas estéticas teve crescimento acentuado no Brasil colocando o país no segundo lugar no mundo na realização de cirurgias sendo que as mulheres respondem por mais de 70% destes procedimentos cirúrgicos. Este estudo buscou compreender, a partir de uma perspectiva de gênero, a experiência e os sentidos construídos por mulheres residentes em Salvador sobre corpo, cirurgias plásticas estéticas e os riscos que lhe são associados. Adotaram-se os referenciais teóricos de corpo como signo de distinção social em Bourdieu e de projeto reflexivo em Giddens, o conceito de cuidado de si em Foucault e o de performatividade de gênero em Butler. Foi realizado um estudo qualitativo que consistiu de entrevistas semiestruturadas junto a 15 mulheres de camadas médias e médias altas residentes na cidade do Salvador que tinham realizado cirurgias plásticas de cunho estético. As mulheres entrevistadas estão sistematicamente engajadas em diferentes projetos de gestão da aparência e assumem estes projetos como uma ação reflexivamente tomada como medida de sua disciplina e monitoramento corporal. Percebeu-se neste grupo de mulheres pesquisado uma intensa vinculação entre aparência e cuidados estéticos organizados em torno ao discurso da saúde, numa busca por legitimar a ênfase nos cuidados corporais e refutação a gordura. Quando os corpos eram percebidos como “imperfeitos” e fonte de “vergonha” e “constrangimento” a cirurgia estética se constituía numa estratégia de alavancar junto a terceiros um julgamento mais favorável e mais enquadrado numa perspectiva de corpo “normal”. Para a maioria das entrevistadas estar fora do padrão corporal socialmente esperado significa ser menos mulher, e a cirurgia plástica estética foi capaz de lhes ter devolvido algum nível de beleza que as permitiram se sentir mulher outra vez. Para outras das entrevistadas as cirurgias plásticas realizadas buscava a retomada de um corpo erótico para afirmar mais sensualidade e atratividade e apagar as marcas do corpo materno. A relação com o risco para este grupo de entrevistadas se deu numa relação ambígua, entre a minimização e o acionamento a um conjunto de elementos (qualificação dos cirurgiões, busca de informantes chaves) que as permitiram assumirem alguma gestão destes riscos. Cirurgias plásticas estéticas colocam-se como recurso médico e tecnologia terapêutica com viés de gênero, que busca recuperar um tipo de feminilidade, restaurar atratividade e proporcionar um novo recomeço com uma identidade com mais possibilidades.