Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Silva, Cacio Romualdo Conceição da
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Orientador(a): |
Viégas, Lygia de Sousa
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Banca de defesa: |
Cruz, Silvia Helena Vieira
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Nunes, Míghian Danae Ferreira
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Sotero, Edilza Correia
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Franco, Nanci Helena Rebouças
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Viégas, Lygia de Sousa
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)
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Departamento: |
Faculdade de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39370
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Resumo: |
O surgimento das primeiras instituições pré-escolares brasileiras, denominadas por creches, data de meados do Século XIX e representavam, à época, a oferta qualificada de cuidados destinados às crianças cujas mães trabalhavam nas “casas de família” ou nas indústrias. Até a segunda metade do Século XX, as reflexões e ações destinadas ao campo da “assistência” de crianças pobres e negras não destoaram das tendências do final do Século XIX, a saber: uma gestão promovida por mulheres brancas e ricas que, na função de gestoras dos “cuidados” destinados às crianças negras e pobres, bem como a suas famílias, colocavam em prática métodos de cunho médico-higienista, jurídico-policial e religioso. Somente no início da década de 1980, passamos a ter crescentes tensões e contestações direcionadas à tradicional “atenção” dada ao processo educativo da infância pobre (e negra) em nosso país. No contexto atual de produção de conhecimento acerca da Educação Infantil, que envolve a formação de suas professoras, faz-se necessário pensar o tema das Relações Raciais. Falamos pouco sobre a construção histórica da Educação Infantil anterior à década de 1980, e também falamos pouco sobre suas professoras, em sua maioria mulheres negras que, mesmo tendo sua formação mínima garantida em lei desde o início do Século XX, são submetidas a experiências formativas e condições de trabalho historicamente precarizadas e completamente atravessadas por nossa tradição capitalista patriarcal e racista. Dessa forma, a presente pesquisa busca compor com o aprofundamento das questões acerca do tema. Para tanto, possui como objetivo geral historiar os percursos biográficos e formativos de professoras negras e pobres da Educação Infantil, no diálogo entre suas narrativas e a história da Educação da população negra no Brasil. E como objetivos específicos, temos: a) Recuperar elementos da história da construção, efetivação e oferta da Educação Infantil no Brasil à luz dos marcadores de gênero, raça e classe social; b) Compreender a política emergencial de formação de professoras na Educação Infantil a partir dos Programas ProInfantil e PARFOR; c) Compreender o processo formativo destinado às professoras negras e pertencentes às classes populares que trabalham na Educação Infantil, a partir de suas narrativas; d) Compreender, a partir das narrativas das professoras, como o processo formativo repercutiu/repercute na efetivação das reflexões e práticas pedagógicas de professoras negras e pobres na relação com as crianças e suas famílias, também negras e pobres. Os meios utilizados para alcançar os objetivos citados estão identificados com o método da história oral que comparece(u) na construção de memórias relacionadas ao percurso de vida e de formação profissional das professoras ouvidas em contexto de encontros grupais. Participaram do grupo oito professoras da Educação Infantil cuja formação se deu a partir do ProInfantil e em pedagogia pelo PARFOR, programas emergenciais de formação de professoras que já atuavam nesta condição, sem formação/diplomação para tanto. O conteúdo proveniente do campo e o seu cotejamento para posterior escrita da Tese, foram articulados teoricamente a partir de uma perspectiva intersecional e materialista-histórica em que se buscou entender como os aspectos de gênero, raça e classe foram relacionados historicamente com fatores determinantes às possibilidades ou não de acesso de mulheres negras e pobres à formação docente em nosso país. Ao dividir conosco as suas histórias de vida e de formação, as professoras nos possibilitaram acessar golpes que pareciam antigos, inexistentes em nossos dias. Contudo, elas também nos aproximaram de algo que acontece entre elas, na relação com outras mulheres, um esforço muitas vezes não nominado, outras vezes sim, para que, desobedientes, não permanecessem em lugares pré-estabelecidos, lugares já vividos por outras tantas mulheres também negras e pobres. Um esforço para viverem o direito à Educação e à formação docente em nosso país. |