A burla do corpo: estratégicas e políticas de criação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Saidel, Giorgia Barbosa da Conceição
Orientador(a): Lopes, Cássia Dolores Costa
Banca de defesa: Lopes, Cássia Dolores Costa, Fabião, Eleonora Batista, Silva, Hebe Alves da
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola de Teatro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Artes Cênica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27102
Resumo: O corpo é o lugar onde as pesquisas artística e acadêmica se articulam para gerar questões problematizadas. Neste trabalho, os horizontes metodológicos tem como base um pensamento geográfico, espacial, que procura cartografar as noções que vão sendo construídas em processo ao longo da pesquisa. Inspirada pelo pensamento de autores como Nietzsche, Foucault, Susan Sontag, Oswald de Andrade, Cássia Lopes e Suely Rolnik, o corpo emerge não somente como objeto, mas como o próprio agente do estudo. A burla – retirada de dentro da moldura do gênero burlesco (visto principalmente em dicionários etimológico e de termos literários, bem como em O Riso Burlesco, de Georges Minois, e na análise do movimento New Burlesque) – aparece como uma estratégia de criação do corpo, que pretende operar a partir de suas marcas (sendo algumas delas o gênero, visto por Judith Butler, bem como o colonialismo e estereotipização, apontadas por Homi K. Bhabha, entre outras), dando visibilidade e potência a características que estão impedidas de se desenvolver dentro dos discursos da tradição racionalista e colonial. Percebe-se, através da descrição e análise de alguns processos criativos (dos trabalhos Los Juegos Provechosos, 2009; Simpatia Full Time, 2008-2010; Burlescas, 2009; Salmon Nela, 2007; e Technomaravilha, 2010), que pontos de bloqueio e aprisionamento dos estereótipos tornam-se evidentes quando o corpo está em performance. Na burla do corpo, rompe-se com as lógicas e práticas normatizadoras, criando possibilidades de reinvenção. O trabalho problematiza, além disso, certos engessamentos de procedimentos e metodologias de criação no campo das artes cênicas (dança e teatro). Tais pontos de fixidez também corroboram para a manutenção de concepções de corpo que, numa prática artística comprometida politicamente, necessitam ser revistas e modificadas. A pergunta de Espinosa, atualizada por Deleuze e Guattari – o que pode o corpo? – é uma questão norteadora. Das práticas artísticas mencionadas (nas quais participei como performer), emerge o corpo que chacoalha – borrando contornos e inaugurando uma erótica própria ao ato performático (Massimo Canevacci). Esse chacoalhar torna-se um dos caminhos possíveis para iniciar a burla do corpo. O corpo que burla é uma resposta criativa à pergunta de como seria possível descolonizar o corpo, feita por André Lepecki, pois ele se torna um caminho para a leitura crítica de dados culturais.