Aproveitamento de serviços ecossistêmicos como estratégia para adaptação de cidades costeiras aos efeitos das mudanças climáticas sobre o risco de inundações fluviais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Franz Rangel da
Orientador(a): Dominguez, Jose Maria Landim
Banca de defesa: Luz, Lafayette Dantas da, Medeiros, Yvonilde Dantas Pinto
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de geociências
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32019
Resumo: As planícies costeiras são paisagens de relevo plano, normalmente recortadas por canais fluviais com escoamento influenciado pelo regime de marés. Há expectativa de que, nesses ambientes, os efeitos das mudanças climáticas sobre os extremos de precipitação e o nível do mar, associados ao adensamento e expansão das ocupações urbanas ao longo da zona costeira de baixa altitude (ZCBA), causem o aumento da frequência de desastres naturais de origem hidrológica, bem como, dos prejuízos decorrentes de inundações fluviais, exigindo a adaptação das cidades costeiras. Esta pesquisa trata da relevância dos serviços ecossistêmicos como meio de controle do risco de inundações fluviais agravado pelos efeitos das mudanças climáticas em cidades litorâneas, adotando uma abordagem multivariada que retrata a contribuição dos processos hidrológicos e costeiros envolvidos. Ao comparar os riscos de inundações fluviais estimados paradiferentes cenários projetados conforme as tendências climáticas e padrões de cobertura do solo da bacia hidrográfica do rio Jaguaribe e conjugadas (BHJC), situada na cidade do Salvador, capital do Estado da Bahia, Brasil, foi possível: (i) deduzir a repercussão das mudanças climáticas sobre o comportamento hidrológico e hidráulico de cheias naturais em áreas litorâneas; e (ii) avaliar o impacto da perda de ecossistemas sobre o risco de inundações fluviais em uma planície costeira urbanizada. Ao longo do século 21, as mudanças climáticas poderão aumentar o risco de inundações fluviais na ZCBA da BHJC em cerca de 21% – crescimento de aproximadamente R$ 910.000 no dano anual esperado, entre os anos de 2010 e 2100 –, sendo a intensificação dos extremos de precipitação, a principal responsável por esse crescimento. No final do século 21, a perda de ecossistemas naturais poderá implicar incrementos no risco de inundações fluviais que correspondem a 31% (supressão de florestas) ou 120% (supressão de terras úmidas) do aumento decorrente das mudanças climáticas. A perda de parte dos benefícios proporcionados pelas florestas é compensada pelas terras úmidas e bacias hidráulicas posicionadas à jusante, o que reduz o impacto dasupressão das matas sobre o risco de inundações na ZCBA. Destaca-se também que o aumento dos prejuízoscausado pela supressão de florestas ou de terras úmidas será mais expressivo nas inundações de maior frequência. O aproveitamento de serviços ecossistêmicos é uma estratégia que assume relevada importância para a gestão da drenagem e manejo das águas pluviais em cidades costeiras, no entanto, a efetividade dos ecossistemas no controle das cheias naturais varia de acordo com as características das chuvas, sendo possível observar comportamentos distintos – maior ou menor impacto na produção ou propagação do escoamento superficial – durante eventos de mesma frequência, mas que apresentam durações oudistribuições temporais díspares. Para compensar o efeito das características das chuvas sobre ofuncionamento da infraestrutura verde, a concepção da infraestrutura de cidades litorâneas deve prever aassociação de serviços ecossistêmicos com soluções convencionais de engenharia voltadas, principalmente, para a proteção de assentamentos urbanos posicionados nas planícies costeiras, e o posicionamento adequado dos ecossistemas dentro da bacia hidrográfica.