Agir e interagir na prevenção da violência: estudo em um bairro popular de Salvador – Bahia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Carvalho, Ana Clara Rebouças
Orientador(a): Trad, Leny Alves Bomfim
Banca de defesa: Noronha, Ceci Vilar, Mota, Clarice Santos, Costa, Heloniza Oliveira Gonçalves, Souza, Iara Maria de Almeida
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21640
Resumo: A violência é considerada um dos cinco problemas prioritários do mundo, segundo o Relatório Mundial sobre a Prevenção da Violência (OMS, 2014). De acordo com este documento, muitos países estão desenvolvendo planos de ação, e investindo em prevenção, mas não em níveis adequados e compatíveis com a dimensão e a gravidade do problema. O Brasil não foge à regra, e tem apresentado índices de violência expressivos que a tornam um problema social e de saúde pública de grande relevância. Em face deste quadro, esta pesquisa partiu da seguinte questão de investigação: como atores de um dado território atuam e interatuam para prevenir violências recorrentes neste espaço? Isto posto, objetivei descrever os processos de ação e interação entre lideranças comunitárias, policiais e profissionais de saúde no que diz respeito à abordagem preventiva de violências frequentes em um bairro popular de Salvador, Bahia. Mais especificamente, descrevi ações de prevenção de violência desenvolvidas nos dispositivos comunitários e institucionais (serviço de saúde, Base de Segurança), o grau de articulação entre estes segmentos, bem como busquei identificar limites e potencialidades das experiências em foco, de modo a refletir sobre possíveis contribuições à abordagem preventiva em outros contextos comunitários. Para tanto, realizei uma etnografia que incorporou a Teoria Ator Rede, com ênfase na conformação heterogêneas das redes que atuam preventivamente sobre a violência, especialmente, em territórios sócio-ambientalmente vulneráveis. A experiência etnográfica e a análise do corpus atenderam à pergunta desta pesquisa nas seguintes direções: os atores comunitários e institucionais que acompanhei executam ações preventivas em diferentes perspectivas e voltadas a públicos igualmente diversos, com certa ênfase na infância e adolescência; tais ações tendem a se desenvolver de modo pouco articulado entre si e, especialmente, entre os dispositivos comunitários e institucionais presentes no bairro, com destaque para a ainda discreta atuação do serviço de saúde no que tange o objeto em foco. As principais limitações vistas e apontadas pelos atores dizem respeito ao frágil estímulo estatal e às grandes restrições de recursos públicos, em especial, às dificuldades de ordem estrutural e funcional para o desenvolvimento das ações, o que, por outro lado, contrastam com o potencial criativo, agregador e mobilizador destes atores. O estudo revelou, portanto, aspectos especialmente complexos relativos aos processos de enfrentamento da violência, apontando limitações estruturais e funcionais desde a proposição de ações preventivas à manutenção destas no tempo, tanto nos dispositivos comunitários, com destaque para os espaços educativos, quanto nos institucionais, a exemplo dos desafios vistos nos serviços de saúde e de segurança pública do bairro, em que pesem a mobilização e protagonismo dos atores a despeito de tais fragilidades. Finalmente, é esperado que o conjunto das análises deste trabalho venha a contribuir com as políticas públicas vigentes, ou a serem formuladas, voltadas à prevenção das expressões de violência recorrentes neste e em semelhantes contextos urbanos.