Análise de redes sociais e relações intergrupais: a convivência entre cotistas e não cotistas e suas influências na formação acadêmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ribeiro, Elisa Maria Barbosa de Amorim
Orientador(a): Bastos, Antônio Virgílio Bittencourt
Banca de defesa: Miranda, Garcia Vivas, Lima, Marcus Eugênio Oliveira, Pereira, Hernane Barros de Borges, Silva Filho, Penildon, Bastos, Antônio Virgílio Bittencourt, Peixoto, Adriano de Lemos Alves
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/20273
Resumo: As universidades públicas brasileiras têm aderido à política afirmativa de cotas para inserir grupos minoritários. Apesar da inserção assegurada pelo vestibular, observamos que o processo de inclusão dos cotistas na universidade ainda está por acontecer. Torna-se preciso conhecer impactos da adesão às cotas e compreender como atores universitários têm convivido. Este estudo parte da premissa da Análise de Redes Sociais (ARS) de que o lugar ocupado pelo estudante na rede de interações provê ou restringe o acesso a recursos que viabilizam sua formação acadêmica. Tem como objetivo analisar o processo de integração de cotistas e não cotistas, explorando possíveis relações entre este processo e a formação acadêmica dos alunos. O processo argumentativo desta tese se desenvolve em quatro estudos. O primeiro estudo, de caráter teórico, explicita contribuições da psicologia social na compreensão de mecanismos psicossociais subjacentes a fenômenos estudados com ARS, principalmente os relativos à formação de laços e relações intergrupais. O segundo analisa o grau de integração entre cotistas e não cotistas em nove cursos da Universidade Federal da Bahia, de acordo com a concorrência, semestre, área de conhecimento e natureza da relação. Esta análise, com 1086 estudantes distribuídos em 25 turmas, demonstra haver baixa integração entre os dois grupos (alta homofilia), principalmente nos cursos de alta concorrência e nas redes de amizade e informação. A partir desta visão ampla do comportamento das relações nas redes das turmas, passa-se a observar influências da posição dos estudantes na rede e aspectos da formação acadêmica. Assim, no terceiro estudo, são observadas as relações entre a posição do aluno e influências desta posição no coeficiente de rendimento e no comprometimento institucional. Tais análises indicam a presença de diferenças importantes entre cotistas e não cotistas nos cursos de alta concorrência: os não cotistas mais populares nas redes de amizade são os de maior coeficiente de rendimento; os não cotistas com menos relações com cotistas são os menos comprometidos com a UFBA; e os cotistas com mais relações com não cotistas são os que possuem maior coeficiente de rendimento. O quarto estudo foca na percepção dos estudantes sobre o grau de integração entre os dois grupos, possíveis motivos associados à falta de integração, bem como nas sugestões destes para ampliar a interação entre os grupos. A separação entre os grupos e os impactos disso no cotidiano universitário são percebidos pelos estudantes. Os professores e a gestão da universidade são considerados centrais para ampliação da integração entre os grupos. O conjunto de estudos aponta para importantes diferenças no modo de inserção de cotistas e não cotistas. Isto se configura um importante desafio para a UFBA que, como organização, necessita gerir a diversidade que instituiu por meio das cotas.