O aprendizado sobre as emoções em um contexto de treinamento médico: uma etnografia sobre as práticas médicas em um Hospital Universitário em Salvador-Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Rosana dos Santos
Orientador(a): Gonzalez, Elena Calvo
Banca de defesa: Silva, Berenice Temoteo da, Souza, Iara Maria de Almeida, Cunha, Litza Andrade, Dejo, Vânia Nora Bustamante, Gonzalez, Elena Calvo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34404
Resumo: Esta etnografia sobre a biomedicina investiga o aprendizado das emoções em um contexto institucional de formação médica. O trabalho de campo foi realizado em um hospital, especificamente em uma enfermaria de cardiologia. A escolha por essa unidade também envolveu a existência de uma simbólica social, na qual o coração é um órgão que aparece como um lugar das emoções. O interesse etnográfico está na aprendizagem como/na prática, já que a ideia central não é apenas saber o que se aprende sobre as emoções, mas como se aprende. Aprendizes, preceptores, outros profissionais de saúde, os pacientes, familiares, o sistema de saúde, e até o inesperado contexto da pandemia de COVID-19, em conjunto dão forma à realidade das emoções. A etnografia mostrou que aprende-se sobre emoções na formação médica de modo tácito, e que este aprendizado é caracterizado pelo controle das emoções, a privatização da subjetividade e a busca de objetivação das emoções vistas como elementos que não comporiam o aprendizado formal dos médicos, por não fazerem parte do seu real objeto: as doenças. Foram identificadas também diferenças no que diz respeito às experiências emotivas entre preceptores e aprendizes, que apontam para uma distinção na hierarquia médica associada não apenas a experiência, mas ao engajamento em distintas praticalidades. O trabalho etnográfico destacou ainda pontos de inflexão nesse modo hegemônico de aprender sobre emoções, enfatizando suas fissuras, que ficariam mais expostas na travessia da medicina dos livros, das peças, para a medicina dos vivos, quando se acompanha pessoas reais, em enfermarias reais. O aprendizado das emoções não é definitivo ou estanque, mas versões sobre emoções vão sendo produzidas de modo situado, a partir do engajamento dos atores no contexto de prática. Através destes achados da pesquisa, trago o debate sobre a potência das emoções para compreender a formação médica. Reconhecer que há um aprendizado sobre emoções na biomedicina ao invés de negar este fato, permite construir uma forma distinta de vê-la e de interpretá-la, o que possibilita a identificação dos dilemas que contornam o ensino e a prática médica.