Semiose e espaço de vida: uma análise da situação de sofrimento psíquico em estudantes universitários

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Freire, Klessyo do Espirito Santo lattes
Orientador(a): Marsico, Giuseppina lattes
Banca de defesa: Dazzani, Maria Virginia lattes, Pontes, Vivian Volkmer lattes, Barreto, Mariana Leonesy da Silveira lattes, Gomes, Ramon Cerqueira lattes, Nascimento, Verônica Gomes lattes, Marsico, Giuseppina
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38890
Resumo: O ensino superior é considerado um período crítico de transição desenvolvimental para a/o estudante, no qual ocorre uma redefinição de uma série de processos psicológicos que alteram a percepção sobre si e sobre o mundo ao seu redor. Levando em consideração essa questão, diversos estudos realizados ao redor do mundo têm encontrado uma prevalência alta de transtornos psicopatológicos nesse público, por vezes até maior do que a população geral. Entretanto, observou-se um padrão no perfil metodológico desses trabalhos, baseando-se em uma perspectiva quantitativa e de correlação. Além disso, adotaram um paradigma cartesiano, linear, estático e de causa e efeito na compreensão do que é o sofrimento psíquico, atribuindo aos aspectos sociais ou a problemas de ordem individual a explicação desse fenômeno. Com isso, o presente estudo adotou como referencial teórico a Psicologia Cultural Semiótica, em diálogo com a Teoria de Campo, de Kurt Lewin; e a perspectiva fenomenológica do conhecimento em primeira pessoa de Husserl, a fim de construir um modelo de compreensão do sofrimento psíquico, o qual é entendido como um tipo particular de semiose, no qual significados superordenados (conceito utilizado a partir do Two-stage semiotic model) favorecem a emergência de campos afetivos-semióticos hipergeneralizados que afetam a relação entre indivíduo e mundo, apontando para uma dificuldade de gerenciar fronteiras psicológicas no espaço de vida do indivíduo, objetivando compreender a semiose e o espaço de vida de estudantes universitários em situação de sofrimento psíquico, através do Modelo Cultural Semiótico de Compreensão do Sofrimento Psíquico, utilizando-se de uma persepctiva idiográfica e fenomenológica. A metodologia foi inspirada nos estudos de caso, a partir da realização de três entrevistas semiestruturadas com três estudantes atendidas/os em um projeto de acolhimento psicológico, diagnosticados com sofrimento psíquico, sobretudo no que toca os campos afetivo-semióticos hipergeneralizados, relacionados com a identidade das/dos participantes. Essas questões foram catalisadas a partir de aspectos significativos da universidade, que negociaram determinados significados relacionados às suas histórias de vida no processo de semiose, considerando a crescente competitividade para o ingresso na universidade nos últimos 20 anos; as dificuldades inerentes às relacões humanas no contexto universitário; e os diversos preconceitos presentes na sociedade como gatilhos, no processo de construção de significação, relacionado ao sofrimento psíquico. Outro ponto destacado foi a possibilidade do paradigma biomédico, popularizado na sociedade, além do discurso de que a universidade produz adoecimento, podem favorecer interpretações nas quais o mal-estar associa-se a psicopatologias, cristalizando determinados significados sobre si e sobre o mundo. Por fim, o estudo conclui com as aplicações da Psicologia Cultural Semiótica através do modelo aqui proposto na Psicologia Clínica e na Psicopatologia. Além disso, foi discutida a importância de ampliação do atendimento psicológico para estudantes universitários no Brasil, especialmente nas universidades públicas, bem como foi salientada a necessidade de repensar o produtivismo e a gestão, através de modelos empresariais nas instituições de ensino superior.