Por um diálogo interétnico: uma introdução ao estudo da troca na Reserva Indígena Thá-Fene (BA) e na Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro (BA)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nascimento, Larissa de Jesus lattes
Orientador(a): Carvalho, Maria Rosário Gonçalves de
Banca de defesa: Carvalho, Maria Rosário Gonçalves de, Câmara, Antônio da Silva, Pavelic, Nathalie Le Bouler
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38713
Resumo: A interface cultural entre grupos étnicos distintos representa um momento privilegiado para a observação dos elementos definidores da identidade de um povo. É no contato interétnico, promovido pelo encontro com o Outro, que os traços característicos de um grupo social se manifestam, seja para a reafirmação, seja para a transformação dos valores e práticas que o definem. A partir do contraste que resulta do contato entre comunidades étnicas diferentes entre si, acentuam-se as marcas da identidade e são reconhecidos os aspectos não intercambiáveis, evidenciados nas fronteiras das comunidades indígenas. Neste trabalho, examino as relações interétnicas e suas implicações na construção da identidade indígena. A análise volta-se, em particular, para a manifestação de traços definidores da identidade no contexto das ações indígenas educacionais promovidas pela Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro e pela Reserva Indígena Thá-Fene, comunidades localizadas no estado da Bahia. Dedico especial atenção a um aspecto da vida social no encontro com o Outro, que rege todo o fenômeno da dádiva, a saber, o sentimento de solidariedade que, para além das relações de reciprocidade, opera como redutor de assimetria nas relações sociais. O sentimento de solidariedade exprime um conflito constitutivo, na medida em que é, a um só tempo, produto e produtor do “diálogo” interétnico entre comunidades indígenas e não indígenas. Procuro mostrar de que maneira, embora pertencendo a duas comunidades indígenas distintas, as ações educacionais – ou, mais amplamente, os projetos indígenas – apresentam um ponto em comum no exercício do “diálogo”. Defendo que o “diálogo” é uma manifestação da dádiva, síntese do fenômeno de ensinar – aprender – a troca, fazendo dele um equivalente da fórmula maussiana de “dar”, “receber”, “retribuir”. Neste estudo, apresento os indígenas, seja como “forças da natureza”, no caso da Thá-Fene, seja como composição entre “espírito” e “matéria”, no caso Tupinambá, aproximando-os da retratação realizada por Taussig entre os planos espiritual e material acessados pelo xamã. Essa aproximação à condição xamânica permitirá identificar os autores originais dos projetos das ações indígenas educacionais ao localizar a dádiva no contexto da cosmologia dos povos indígenas.