A agenda FIESP II: uma análise econômica do apoio da entidade ao impeachment de 2016

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rego, Daniel Alem lattes
Orientador(a): Jesus Júnior, Leonardo Bispo de
Banca de defesa: Jesus Júnior, Leonardo Bispo de lattes, Ferreira Júnior, Hamilton de Moura lattes, Lima, Uallace Moreira lattes, Pinto, Eduardo Costa lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGECO) 
Departamento: Faculdade de Economia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41013
Resumo: O apoio formal da FIESP ao processo de impeachment que afastou a presidenta Dilma Rousseff, além de ter sido algo inédito na história da entidade industrial, foi uma guinada na relação criada com o PT e, mais precisamente, com o governo da citada mandatária. Até porque, tal governo atendeu quase totalmente as sugestões da FIESP sobre políticas econômicas, ao mesmo tempo em que recebia vários elogios públicos dessa que ainda é a principal entidade de classe industrial do país. Mais ainda, o afastamento de Rousseff da Presidência da República encerrou um período (2003-2014) marcado pela forte atuação da frente política formada por segmentos populares da sociedade e, inclusive, pela própria FIESP. Assim, este apoio ao impeachment será investigado, buscando elucidar a projeção econômica que o empresariado industrial do estado de São Paulo materializou ao decidir atuar politicamente a favor do impedimento da presidenta Dilma Rousseff e, portanto, contra a manutenção de um projeto que, desde meados dos anos 2000, combinava crescimento econômico com certo grau de distribuição de renda. Isto foi feito pari passu a busca dos seguintes objetivos específicos: A) explicitar o contexto político e econômico do período que antecedeu o referido processo de impedimento; B) explicitar como a FIESP abandonou o apoio ao padrão liberal periférico advindo do Consenso de Washington e formou a frente neodesenvolvimentista, que deu sustentação aos governos petistas para, posteriormente, abandoná-la em prol do impedimento de 2016; C) explicar como a crise 2014- 2016 levou a FIESP a defender medidas econômicas prometidas pelo MDB, ligadas à ortodoxia econômica, que não seriam implementadas no governo petista. Utilizou-se, para tanto, uma revisão bibliográfica que possui uma dupla perspectiva, tanto exploratória, quanto explicativa. A perspectiva exploratória se evidencia no estudo a respeito de teorias e conceitos econômicos, que formarão o instrumental teórico desta dissertação. A perspectiva explicativa se evidencia quando, à luz do aparato trazido pela pesquisa exploratória prévia, a pesquisa passa a explicitar os fatores econômicos que justificam (ou pelo menos explicam) o apoio da FIESP ao impedimento da presidenta Dilma Rousseff. Além disso, este trabalho se valeu das notícias veiculadas nos órgãos de imprensa das entidades de classe em análise, como da grande mídia corporativa. Foi identificado que o apoio da referida entidade industrial ao impeachment buscava, em um novo cenário econômico e político, manter o processo de redução de custos para o setor industrial que já estava em curso, mas agora ocorreria em novas bases. Essa estratégia da FIESP, aqui denominada de Agenda FIESP II, tem se mostrado incapaz de criar as condições necessárias para a superação da condição de dependência que o Brasil se encontra. Pelo contrário, a adoção das políticas realizadas após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República tem aprofundado a dependência da economia brasileira, com potencial de destruir o que se conquistou desde a Revolução de 30.