Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Victoria, Anderson Magalhães |
Orientador(a): |
Cruz, Simone Cerqueira Pereira |
Banca de defesa: |
Cruz, Simone Cerqueira Pereira,
Caxito, Fabricio Andrade,
Conceição, Herbert |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Geociências
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Programa de Pós-Graduação: |
Em Geologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25916
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Resumo: |
No período Toniano (ca. 957-867 Ma), o paleocontinente São Francisco-Congo experimentou um expressivo evento de abertura intracontinental na região onde atualmente estão inseridos o Orógeno Araçuaí (sudeste do Brasil), o cinturão Oeste-Congo (sudoeste da África) e regiões cratônicas adjacentes. Na África, os principais produtos magmáticos desse rifte estão representados pelo complexo gabroico-granítico (ca. 904-867 Ma) da região de Mayumba (Gabão), assim como pela província anorogênica plutono-vulcânica Congolesa, composta pelos grupos Zadiniano (basaltos) e Mayumbiano (riolitos e granitos; ca. 920-912 Ma). No lado brasileiro do rifte existem registros de um considerável volume de diques e sills máficos, tonianos, distribuídos tanto dentro Orógeno Araçuaí quanto no Cráton do São Francisco. No entanto, a única manifestação de magma félsico até então documentada está representada pela suíte Salto da Divisa (ca. 914-875 Ma), um conjunto de granitos anorogênicos localizados na região sul do estado da Bahia, divisa com Minas Gerais. Tais rochas são entendidas como intrusivas no embasamento Riaciano (conhecido como Complexo Itapetinga), cuja idade é atribuída a um ortognaisse tonalítico. Neste trabalho apresenta-se uma sucessão vulcânica encontrada nos domínios da Suíte Salto da Divisa, composta, dentre outros litotipos, por traquitos e riolitos metamorfizados. Dados químicos revelaram que essas rochas são anorogênicas, sendo enriquecidas em K2O, Na2O, FeOt/MgO, Nb, Y, Zr e ETR, e deficientes em Sr, P, Ti e Eu. Datou-se um metariolito (U-Pb, zircão, LA-ICP-MS) e obteve-se a idade de cristalização magmática em 913 ± 4 Ma. Sendo assim, tais rochas representam o primeiro registro de vulcânicas félsicas, associadas com o rifte Toniano, encontradas até então no Brasil. Além da unidade vulcânica, também foi estudado os componentes plutônicos do magmatismo anorogênico, os quais foram subdivididos nas unidades: i) núcleos graníticos; e ii) bimodal. Os núcleos graníticos correspondem aos corpos de granitos Tipo-A tradicionalmente descritos como os representantes da suíte Salto da Divisa. São sienogranitos a álcali-feldspato granitos rosados, de granulação fina, ou média a grossa, pouco deformados e majoritariamente metaluminosos. Ao redor de alguns desses corpos também foi registrada uma outra fácies composta por leucogranitos esbranquiçadosesverdeados, predominantemente peraluminosos, ricos em quartzo, muscovita, albita, fluorita e amazonita. Ambas as fácies são ferroan, com assinatura química típica de granitos Tipo-A. A fácies com amazonita representa uma novidade na região e pode ser interpretada como indicativa de um sistema greisen formado em nível crustal raso (subvulcânico). A unidade bimodal é composta, predominantemente, por ortognaisses sienograníticos associados com rochas máficas (metagabros, metadioritos, anfibolitos e biotititos), ambos comumente submetidos à intensa deformação. Tais rochas eram anteriormente entendidas como parte do Complexo Itapetinga, mas não foram encontrados ortognaisses tonalíticos-granodioríticos. Ao contrário, os ortognaisses possuem composição semelhante com os granitos Tipo-A, sendo ferroan, ricos em K2O, e com assinatura química típica de magmas intraplaca. Da mesma forma, a assinatura química das rochas máficas também sugere proveniência em rifte continental. Em raros domínios indeformados dessa unidade, também foram encontradas feições ígneas preservadas que sugerem co-existência e interação (mixing e mingling) entre os termos félsicos e máficos. Tais constatações indicam que, ao invés de ser parte do embasamento Riaciano, a unidade bimodal possa ser produto do magmatismo bimodal (félsico-máfico) do rifte toniano, o que implica em aumento da extensão e complexidade do registro magmático anorogênico na região. Sendo assim, propõe-se a evolução da suíte Salto da Divisa para o Complexo Anorogênico, plutono-vulcânico, Salto da Divisa. Por comparação química e cronológica, verificou-se que os componentes plutônicos e vulcânicos desse complexo são similares com os seus correspondentes africanos, o que sugere uma origem comum para ambos os magmas. Isso implica na existência de um expressivo evento extensivo no paleocontinente São FranciscoCongo durante o período Toniano. No entanto, a ausência de crosta oceânica dessa idade, no Brasil ou na África, indica que o rifte foi abortado e não evoluiu para uma margem passiva, fato esse que só veio a ocorrer no Criogeniano, após novo pulso extensivo. |