Processos de produção de materiais curriculares educativos em uma comunidade profissional de professores que ensinam matemáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Prado, Airam da Silva
Orientador(a): Oliveira, Andréia Maria Pereira de
Banca de defesa: Alves, Lynn Rosalina Gama, Barzano, Marco Antônio Leandro, Pinto, Thiago Pedro, Giraldo, Victor Augusto
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Física
Programa de Pós-Graduação: em Ensino, Filosofia e História das Ciências
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29824
Resumo: A presente pesquisa tem como tema geral os processos de produção de materiais curriculares educativos em uma comunidade profissional de professores que ensinam matemáticas. Desta experiência, participaram pesquisadores e/ou formadores, professores que ensinam matemáticas e, futuros professores, os quais se reuniam, periodicamente, a fim de elaborar materiais curriculares educativos sobre matemática cuja finalidade é o apoio a aprendizagem de professores. Três objetivos orientaram o decurso da pesquisa: Identificar e descrever como realizações de conceitos matemáticos são recontextualizados por uma comunidade de professores que ensinam matemáticas; Analisar como os processos de recontextualização de textos da forma de vida escolar reorganizam jogos de linguagem da matemática escolar em um material curricular educativo; Descrever e caracterizar uma estratégia de desenvolvimento de materiais curriculares educativos como um processo de desobjetificação de conceitos matemáticos. Na trilha destes objetivos, a presente pesquisa segue uma abordagem qualitativa, cujos dados foram produzidos por meio de observações e documentos. Identificamos e analisamos, inspirados nas noções Wittgensteinianas de jogos de linguagem, regras e formas de vida, assim como na noção de recontextualização pedagógica de Basil Bernstein e desobjetificação de Anne Sfard, as comunicações de professores que ensinam matemáticas, quando estes participaram de discussões com vistas a construir um material curricular educativo para o ensino de conceitos matemáticos. Os resultados apontam que as etapas de desenvolvimento deste material podem ser descritas por quatro processos inter-relacionados: recontextualização, recontextualização reversa, desobjetificação em realizações no contexto e desobjetificação em realizações possíveis. Por meio dos processos de recontextualização e recontextualização reversa, descrevemos como os professores deslocaram textos das ‘formas de vida’ acadêmicas e escolares para o contexto de produção de MCE. Esse movimento de textos promoveu variações no conjunto de regras que regulam os jogos de linguagem da matemática escolar expressa pelos MCE, sustentando relações específicas de poder e controle sobre os usos da linguagem no material produzido. No terceiro e quarto processos, descrevemos como professores estabeleceram associações entre usos de conceitos em diferentes jogos de linguagem e rotinas habituais nas ‘formas de vida’ escolares a fim de delinear as características educativas dos MCE. Na desobjetificação em realizações possíveis, descrevemos como professores associaram realizações movidas das formas de vida acadêmica aos usos e hábitos estabelecidos na literatura como próprios das ‘formas de vida’ escolares. Na desobjetificação em realizações no contexto, os professores associaram os usos de palavras e símbolos por estudantes específicos em contextos particulares às rotinas nas quais os estudantes poderão produzir narrativas matemáticas apoiados pelo MCE. Como implicação, sugerimos que a descrição de tais processos desloca a atenção do campo de produção de MCE para a participação de professores em diferentes ‘formas de vida’ como um referente para o desenvolvimento de MCE, superando uma tendência dos desenvolvedores de MCE em estabelecer as características educativas a partir de categorias teóricas advindas das teorias do conhecimento. Por fim, apontamos ainda que tal descrição possibilita maior visibilidade dos pesquisadores e professores às comunicações em sala de aula como estruturante das características educativas nos textos dos MCE, constituindo-se, também, como uma metodologia viável para o desenvolvimento deste tipo de material curricular.