“Se eu falar você, painho me mata!” Tratamento entre pais e filhos em Salvador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Sandra Carneiro
Orientador(a): Mota, Jacyra Andrade
Banca de defesa: Ramos, Jânia Martins, Bulhões, Lígia Pellon de Lima, Cardoso, Suzana Alice Marcelino, Paim, Marcela Moura Torres
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27740
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar as formas de tratamento destinadas aos pais em Salvador, as atitudes dos falantes e fatores determinantes. Para o estudo foi constituído um corpus com 49 entrevistas realizadas com homens e mulheres soteropolitanos de 11 a 88 anos, representantes de 16 famílias residentes em diferentes bairros da cidade, de diferentes níveis socioeconômicos. A metodologia empregada é descritivista e segue os pressupostos da Sociolinguística Interacional e Variacionista. Como principais resultados tem-se: As principais formas nominais dirigidas aos pais em Salvador atualmente são meu pai/minha mãe e pai/mãe, alternadas, e painho/mainha. Outras formas, como paizinho, mãezinha, doutor + nome ou apelido, seu + nome ou apelido, dona + nome ou apelido, coroa para pai e mãe, velho, véio, véa, mamãe e apelidos diversos são utilizadas como “secundárias”. Observou-se diferença significativa entre as atitudes dos falantes em relação ao tratamento nominal e pronominal: a maioria dos pais se importa muito com o pronome com que são tratados pelos filhos (especialmente nas famílias que concebem o senhor/a senhora como tratamento respeitoso) e, geralmente, aceitam bem as escolhas dos filhos para os tratamentos nominais. As atitudes mais comuns quanto às formas pronominais são: a) você é para “os novos” e o senhor/a senhora para os mais velhos; b) Você aproxima as pessoas, é informal, impessoal, simplifica a relação, iguala as pessoas, “quebra” barreiras, deixa o outro à vontade; é mais amigável; é tratamento de intimidade e amizade; c) O senhor/a senhora é muito formal; imprime respeito; impõe respeito e limite; demarca autoridade e hierarquia; denota e impõe distanciamento; impõe barreira entre as pessoas. A maioria dos participantes prefere ouvir você de outras pessoas, por/para não se sentir velho, e o senhor/a senhora dos filhos, por uma questão de respeito. Nas famílias, predomina o senhor/a senhora para tratar os pais, ao lado de você, restrito a contextos específicos. A manutenção de o senhor/a senhora deve-se à tradição passada de geração a geração, por conta de atitudes dos pais como: ensinar, orientar, corrigir, exigir e impor o tratamento formal. De modo geral, são fatores que orientam as escolhas das formas de tratamento destinadas aos pais, sua manutenção ou mudança: as atitudes dos falantes com relação às formas, os contextos de uso/interação, as convenções familiares, o (não)convívio entre gerações (pais, filhos, avós), gênero/sexo e gerações e fases da vida.