Bem-estar, comprometimento e voz: um modelo explicativo da relação indivíduo-trabalho-organização na perspectiva da psicologia positiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Carneiro, Laila Leite
Orientador(a): Bastos, Antônio Virgílio Bittencourt
Banca de defesa: Gondim, Sônia Maria Guedes, Fernandes, Sônia Regina Pereira, Ferreira, Maria Cristina, Carlotto, Mary Sandra
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28830
Resumo: Apesar da necessidade de construir relações positivas entre o trabalhador, seu trabalho e a organização na qual atua, as quais fomentem fenômenos como bem-estar, comprometimento e voz nas organizações, ainda se conhece pouco a respeito de como estes três se relacionam, especialmente no estado da arte brasileira. Ancorada no movimento da psicologia positiva e no modelo teórico de demandas e recursos (Job Demands-Resources Model – JD-R) (Demerouti et al., 2001), esta tese apresenta como objetivo central propor um modelo teórico-empírico que represente as associações que se estabelecem entre estes três fenômenos, considerando ainda a influência do suporte organizacional e de características individuais como o lócus de controle e a auto eficácia. Para tanto, foram operacionalizados cinco passos específicos. O primeiro foi analisar conceitual e empiricamente o fenômeno “bem-estar relacionado ao trabalho”, buscando identificar sobreposições e/ou os limites entre diferentes medidas do construto. Identificou-se que a medida utilizada por Paschoal e Tamayo (2008) apresentou vantagens em termos conceituais e empíricos, estando em consonância com o movimento recente do campo de junção das duas bases teóricas clássicas utilizadas na compreensão deste fenômeno. Esta foi a medida escolhida para a pesquisa empírica, quantitativa e de natureza transversal, que se conduziu sequencialmente. A partir dos dados coletados entre 360 trabalhadores brasileiros, comparou-se diferentes modelos de mensurar e interpretar o bem-estar no trabalho (BET), buscando evidências empíricas que sustentem a melhor estratégia para pesquisa sobre o construto (uni ou multidimensional). Percebeu-se, então, que a interpretação deste fenômeno a partir de um indicador único é viável e mais adequada quando se pretende ter uma compreensão mais globalizada a seu respeito. Uma vez melhor esclarecidas questões relativas ao processo de mensuração do BET, seguiu-se na investigação sobre a associação entre o BET e o comprometimento organizacional (COMP), identificando se estes se comportam como fenômenos equivalentes, correlatos ou se o bem-estar é antecedente ou consequente do comprometimento. Foram encontrados indícios de que o BET e o COMP se influenciam mutuamente, sendo que a maneira como o indivíduo se sente em relação ao seu trabalho contribui para o fortalecimento do vínculo de identificação com a organização e vice-versa, podendo a direção desta associação ser melhor explicada na presença de outras variáveis. O quarto passou consistiu em descrever como os comportamentos de voz pró-social (VPS) se manifestam em diferentes grupos socio-ocupacionais, analisando, ainda, o poder preditivo do BET sobre estes comportamentos. Neste ponto, a tese contribuiu para a compreensão de um fenômeno ainda embrionário no estado da arte no Brasil, a VPS, identificando, ainda, que o BET é capaz de prever a VPS, informação esta não testada previamente nas pesquisas internacionais às quais se teve acesso. Por fim, a última etapa consistiu em submeter a teste modelos alternativos que expliquem a relação estabelecida entre o BET, o COMP e o comportamento de VPS sobre a influência de recursos organizacionais e individuais. Os resultados demonstraram que o COMP é um preditor direto de VPS, mediando a relação que o BET estabelece com este comportamento. Além disso, concluiu-se que JD-R é um modelo adequado na explicação da ocorrência destes fenômenos (X2/gl = 1,653; GFI = 0,917; CFI = 0,977; TLI = 0,973; RMSEA = 0,043), indicando que os recursos, tanto de ordem individual quanto de ordem organizacional, são determinantes na vivência do BET, no estabelecimento do COMP e na emissão da VPS, sendo, conforme esperado, a relação mais intensa entre os recursos exógenos e o COMP e entre os recursos endógenos e o BET e a VPS.