O desenvolvimento do sistema capitalista e conflitos no território brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Andrade, Sarah
Orientador(a): Wanderley, Lívio
Banca de defesa: Souza, Antônio, Germani, Guiomar, Cruz, Rossine, Lima, Uallace
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Economia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Economia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32655
Resumo: Desde a década de 1990 o Brasil passou a adotar um novo padrão de reprodução capitalista, denominado por Osório (2012) como “Exportador de Especialização Produtiva” (EEP). Isso se deu em conformidade com as mudanças na forma de organização do sistema capitalista internacional, iniciadas na década de 1970, configurado por avanços tecnológicos no âmbito principalmente da informação e dos meios de transporte, bem como a disseminação da política neoliberal, apontada como solução única do processo de crise dos capitalismos latino americanos caracterizados pela dinâmica de dominação. O projeto de mundialização do capital e o fim das fronteiras nacionais, articulado pelo processo de hierarquização dos espaços, que passam a obedecer às integrações verticais que condicionam o local para fins equidistantes, atendendo a demandas ultramarinas a partir da desarticulação das integrações horizontais. Esse processo fragmenta territórios, desterritorializando e reterritorializando, conforme as necessidades da reprodução capitalista no espaço, denominada pelo que Santos (2001) como Globalização perversa. Tal dinâmica homogeneizadora, frente a novas formas de organização do capital internacional, impõe aos países, como o Brasil, uma inserção dependente, tendo por base a especialização em produtos primários (commodities) com destino ao mercado externo, submetido as oscilações próprias do mercado internacional. Com isso, por meio da consolidação do novo padrão de reprodução capitalista no país, principalmente a partir da abertura econômica dos anos 1990, ganhando parâmetros de política de desenvolvimento nacional, nos anos 2000 com a política neoextrativista, adotado por governos tidos como progressistas. Essa política, reconvertida em instrumento de conformação da dependência pela geração de superávits primários para pagamento da dívida externa e interna, obedece ao padrão de reprodução EEP, que se caracteriza pelo uso intensivo do fator terra. O objetivo geral, aqui empreendido, foi o de compreender como se dá o desenvolvimento territorial do capitalismo no espaço brasileiro segundo uma visão de espaço-tempo a partir do processo de acumulação capitalista orquestrado no Brasil através da política neoextrativista. A hipótese levantada aponta para o conflito como resultado da constituição espaço-temporal dos territórios que se configuram como processo dialético no atual padrão de reprodução exportador de especialização produtiva. Essa ideia se baseia na visão de território usado de Santos (1994) e a concepção da fronteira como lugar de contradição. Os resultados obtidos, de maneira objetiva, demonstram que a forma como o capitalismo organiza seu processo de acumulação no espaço, principalmente no que confere ao capitalismo brasileiro, intensivo na utilização no uso do fator terra, de forma especializada em produtos básicos, intensifica o cenário de conflitos, especialmente em territórios tradicionais, e que este cenário se tornou mais agravante a partir da política neoextrativista no início do século XXI.