"É como se fosse da família": representações do lugar da empregada doméstica em textos de Conceição Evaristo, Clarice Lispector e Preta Rara

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sá, Samira Soares lattes
Orientador(a): Santos, Lívia Maria Natália de Souza lattes
Banca de defesa: Santos, Lívia Maria Natália de Souza, Silva, Fernanda Felisberto da, Souza, Ana Lúcia Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41453
Resumo: Esta dissertação é resultado de um estudo sobre os modos como as trabalhadoras domésticas são representadas na Literatura Brasileira a partir de um campo de amostragem específico, a saber, textos das autoras Clarice Lispector e Conceição Evaristo. Investi em leituras contrastivas dos contos do livro Olhos d’água (2017) e do romance Becos da memória (2017), de Conceição Evaristo, em contraponto com crônicas selecionadas de Clarice Lispector em A descoberta do mundo (1973), assim como no romance A Paixão Segundo G.H (2016). Busquei ler as autoras tempestivamente, compreendendo a distância histórica de cerca de 40 anos entre seus textos, mas também observando, através do livro Eu empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho de empregada (2019), de Preta Rara, que as representações subalternizadoras (SPIVAK, 2010; KILOMBA, 2019) que comparecem nos textos de Lispector permanecem no imaginário e nas práticas de tratamento nas casas do Brasil contemporâneo, notadamente, no contexto de emergência de uma direita supremacista. A partir das estruturas de opressão discutidas e atualizadas pela literatura, esta dissertação visa evidenciar a importância de escritoras negras falarem sobre as empregadas domésticas (COLLINS, 2019) e outros sujeitos socialmente explorados e invisibilizados, através de uma posição que torna audível as falas de pessoas subalternizadas rasurando (SOUZA, 2017), assim, a parte estruturante do cânone representacional da nossa Literatura. Ao investir nas discussões aqui empreendidas, apresentei alguns elementos do funcionamento daquilo que compreendo como sendo a engrenagem dessa máquina supremacista e colonial, que se utiliza de estratégias culturais, políticas e formas de socialização para naturalizar a subalternização de sujeitos lidos como minoritários, principalmente mulheres negras (CARNEIRO, 2005). A citada máquina está em prática em diversos objetos de cultura, como a Literatura, e nos estudos a ela correlatos, produzindo e reproduzindo a constante minoração de sujeitos, colocando as personagens negras em papéis de invisibilidade, subalternidade e marginalidade. Neste estudo, a Literatura Negra comparece como via de rasura das imagens de controle (COLLINS, 2019) que vigoram sobre nossas vidas apontando o racismo estrutural (ALMEIDA, 2018) como o limite das literaturas ditas hegemônicas.