Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Lima, Tasso Meneses |
Orientador(a): |
El-Hani, Charbel Niño |
Banca de defesa: |
Almeida, Rosiléia Oliveira de,
Barzano, Marco Antônio Leandro,
Reis, Vanessa Perpétua Garcia Santana,
Meyer, Diogo,
El-Hani, Charbel Niño,
Sepulveda, Claudia de Alencar Serra e |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Faculdade de Educação
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Programa de Pós-Graduação: |
em Ensino Filosofia e História das Ciências
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31652
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Resumo: |
Esta pesquisa qualitativa analisou aspectos ontológicos e epistemológicos do conceito darwinista de adaptação no discurso pedagógico de Biologia no Ensino Médio. Foram examinados diferentes contextos de apresentação do conceito de adaptação em livros didáticos (LDs), bem como a significação desse conceito por professores e a relação que estabelecem com o seu ensino. Realizamos análise categórica de conteúdo (AC) do discurso pedagógico com auxílio de uma matriz semântica de adaptação (MSA). À luz da Teoria dos Perfis Conceituais, a MSA organiza a polissemia do conceito de adaptação nos diferentes domínios culturais, a partir de compromissos ontológicos e epistemológicos que constituem diferentes concepções e estabilizam zonas que compõem o perfil conceitual de adaptação. A construção de perfis conceituais é uma forma de modelar a heterogeneidade de modos de pensar e formas de falar, e a MSA é uma etapa metodológica desse modelo. Nesse trabalho, a MSA constituiu uma ferramenta efetiva para a produção de inferências sobre as formas de falar sobre a adaptação, devido a seu potencial heurístico para reconhecer aspectos ontológicos e epistemológicos desse conceito na pluralidade de ideias apresentadas no discurso pedagógico, bem como para a compreensão desse discurso em seus contextos de aplicação. Definimos discurso pedagógico a partir da Teoria do Dispositivo Pedagógico de Bernstein, a qual descreve o processo de recontextualização de um campo específico de conhecimento na constituição do currículo escolar. Nesse processo, regras de controle simbólico da consciência exercem ações seletivas sobre significados potenciais a serem recontextualizados. Por meio desde controle, a consciência recebe formas de comunicação especializadas que veiculam uma distribuição de poder resultante de disputas entre diferentes grupos sociais pelo direito de impor socialmente suas construções culturais. Esta noção se alinha com a ideia Vygotskiana de que construções coletivas se impõem à cognição individual, uma vez que esta se desenvolve mediante internalização de ferramentas culturais, por meio de interações sociais. O quadro teórico descrito acima fundamentou a questão de pesquisa desta tese, qual seja: como se configura a significação do conceito darwinista de adaptação no discurso pedagógico quando examinada a partir da análise de compromissos ontológicos e epistemológicos sistematizados numa matriz semântica sobre esse conceito? Nossas análises mostraram a prevalência nos LDs da dimensão ontológica de adaptação como característica associada à seleção natural. As narrativas que apresentaram a adaptação como um processo e como um estado de ser fizeram uso de explicações funcionais para justificar o ajustamento do organismo ou de alguma característica ao meio. A recorrência das explicações funcionais evidencia o papel da linguagem teleológica no discurso da ciência escolar, sobretudo para explicar os fenômenos evolutivos, a despeito de reações tipicamente negativas encontradas em parte da literatura em Ensino de Ciências. A significação do conceito de adaptação obtida a partir dos depoimentos dos “grupo de significação não aproximada”, não apresentou qualquer relação com a seleção natural, a qual sequer foi citada. Diversas abordagens, tanto aquelas cuja dimensão ontológica da adaptação se referiu a uma característica quanto aquelas que se referiram um processo ou estado de ser, sugerem que a baixa compreensão sobre a ação da seleção natural deu lugar a compromissos com a visão adaptacionista e prospectiva de evolução. Segundo os docentes, a polissemia, a ideia de progresso e intencionalidade são fatores que dificultam o ensino do conceito de adaptação, o qual se agrava perante fatores culturais como a crença religiosa, que muitas vezes resulta na regeição imediata dos estudantes. Por fim, a formação continuada dos professores constituiu um fator influente sobre o modo de falar sobre conceitos evolutivos, e a aproximação com a pesquisa científica, principalmente através de grupos de pesquisa, mostrou-se um caminho promissor à produção de discursos mais apropriados ao contexto escolar. |