O trabalho em saúde mental: sofrimento e transformação dos sujeitos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Medrado, Ana Carolina Cerqueira
Orientador(a): Kusterer, Liliane Elze Falcão Lins
Banca de defesa: de Freitas, Maria do Carmo Soares
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Medicina da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31381
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar o trabalho em saúde mental como fonte de sofrimento e transformação de sujeitos. É uma pesquisa de natureza qualitativa que adotou a entrevista narrativa como dispositivo de produção de dados e a hermenêutica como perspectiva de análise. O campo de estudo foi um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS ad) de Salvador e os informantes foram três residentes e seis profissionais que atuam no citado serviço. A pesquisa divide-se em dois artigos. O primeiro intitulado “Sofrimento dos trabalhadores de saúde mental e sua relação com a precarização do trabalho” centrando-se na análise do sofrimento dos trabalhadores de saúde mental e sua relação com a precarização do trabalho. A análise evidencia que, entre os fatores de sofrimento identificados estão: conflito no ambiente de trabalho, falta de reconhecimento profissional, sobrecarga de trabalho, insegurança quanto à técnica de intervenção, carga horária excessiva, alta demanda emocional e contato com contextos de violência. Tais fontes de sofrimento são provenientes da própria peculiaridade do trabalho em saúde mental, mas também indicam processos de precarização adentrando a esfera do Sistema Único de Saúde (SUS). Constatou-se ainda a invasão do trabalho no tempo livre dos trabalhadores, o que pode estar relacionado com a flexibilização do trabalho aliado às tecnologias de informação e comunicação. Conclui-se que o labor em saúde mental tem sido penetrado pela lógica neoliberal, o que contradiz os valores ideológicos do sistema de saúde. Não foi narrada condição de adoecimento, o que pode estar relacionado com estratégias defensivas ou com a transformação do sofrimento em realização pessoal. O segundo artigo é “O trabalho como espaço educativo: transformando práticas e profissionais do campo da saúde mental”, destacando o papel da educação pelo trabalho como potencial transformadora de práticas e de profissionais do campo da saúde mental. Os resultados revelam que as reuniões, o matriciamento e as residências multiprofissionais são espaços/ferramentas que conseguem promover a intersecção entre educação e trabalho. Encontrou-se ainda que o trabalho que incorpora características educativas alinhadas à Educação Permanente em Saúde tem impacto não apenas no serviço de saúde, mas também reverbera na transformação dos sujeitos. Conclui-se que o trabalho pode ser um campo fértil para a formação de trabalhadores em saúde mental, sobretudo em CAPS comprometidos com os princípios da Reforma Psiquiátrica.