Metodologias ativas em um currículo de formação médica: otimismo, transcendentalismo, biopolítica e autogoverno.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: França Junior, Raimundo Rodrigues de
Orientador(a): Maknamara, Marlécio
Banca de defesa: Oliveira, Andréia Maria Pereira de, Barzano, Marco Antonio Leonardo, Silva, Veleida Anahi da, Espinoza, Maria Elena Ortiz, Almeida, Rosiléia Oliveira, Silva, José Roberto Feitosa, Marlécio, Marlécio
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32402
Resumo: A temática desta tese doutoral se insere nas discussões sobre educação médica, e de modo específico, sobre currículo médico e o uso de Metodologias Ativas (MAs) de ensino e aprendizagem. Da conexão entre esses temas o presente trabalho objetivou investigar modos como sujeitos são produzidos no currículo de medicina da UFAL (Campus de Arapiraca), o qual foi tomado como o objeto da pesquisa. Para dar conta dessa proposta de investigação, fundamentei meu referencial teórico-metodológico nos estudos pós-críticos sobre currículo (em específico, aqueles de inspiração foucaultiana). O mesmo me fez entender que se quisesse saber como e que tipos de sujeitos vêm sendo produzidos por este currículo, deveria ir até os discursos que sobressaem no mesmo, uma vez que são significados como práticas permeadas por relações de poder-saber que produzem aquilo que nomeiam. São, portanto, nos discursos onde estão articulados os mecanismos acionados para garantir o governo de discentes e a produção de profissionais médicos/as específicos/as. Dito isto, tornou-se central nesse trabalho de investigação, a questão sobre: como são engendrados/produzidos sujeitos no currículo construído para o curso de graduação em medicina da UFAL? O argumento defendido na tese foi de que: o currículo médico da UFAL funciona segundo uma gestão governamental, ou uma governamentalidade, que tem no/a egresso/a de medicina seu alvo principal e no dispositivo da medicina engajada seu mecanismo essencial. O currículo investigado foi compreendido a partir das táticas da governamentalidade que tem nesse dispositivo os modos de controlar a formação médica. A análise incidiu sobre o investimento discursivo desse dispositivo na normalização das condutas e forma mesma de ser médicos/as de discentes do curso de medicina da UFAL. Foram analisados fragmentos discursivos em circulação no currículo - oficial, formal, e em ação - e nas sessões de grupos focais realizadas com discentes do referido curso, mediante emprego de elementos da análise do discurso de inspiração foucaultiana. As análises aqui trazidas evidenciam que o referido currículo ensina modos de ser discentes ativos/as no sentido de posicioná-los/as entre o que seria ou não próprio de um/a profissionais médicos/as dito engajado/a/mais capaz. A tese mostrou que o currículo de medicina da UFAL, ao fundamentar-se nas MAs, investe sobre a produção de médicos/as como algo contingente, que é também ficcional, uma vez que não se tem uma garantia que as posições de um/a discente ativo/a sejam de fato ocupadas no currículo. Contudo, a análise evidenciou que as relações de forças/poder presentes no currículo - acionadas pelo dispositivo da medicina engajada - convergem para que tais posicionamentos sejam ocupados, não restando muitas outras possibilidades de ser discentes (futuros/as profissionais médicos/as) no currículo analisado. Dito de outro modo, conclui-se que os/as discentes são insistentemente convocados/as ao que o currículo prescreve para sua formação dentro de significados específicos sobre como tornar-se um/a médico/a engajado/a.