As imagens da utopia no cinema documentário de Patrício Guzmán

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bispo, Bruno Vilas Boas
Orientador(a): Câmara, Anônio da Silva
Banca de defesa: Silva, Jair Batista da, Oliveira, Augusto Souza de Sá, Câmara, Antônio da Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27501
Resumo: Esta dissertação versa sobre as representações fílmicas da utopia na trilogia “A Batalha do Chile”, do cineasta chileno Patrício Guzmán. Buscando articular uma abordagem materialista da sociologia estética com o desenvolvimento categórico de Ernst Bloch acerca do fenômeno da utopia. O texto analisa os filmes cujas imagens e sons foram tomados em película de 16mm de forma direta no decorrer das movimentações e mobilizações políticas que aconteceram com ao acirramento da luta de classes durante o governo de Salvador Allende, no Chile entre 1970 e 1973. A película fora montada e lançada durante o exílio do cineasta nos anos seguintes ao golpe militar desferido em 11 de setembro de 1973. Ao entender que a arte, através do entrecruzamento entre forma e conteúdo, carrega elementos de representação do mundo social, através de uma análise estético sociológica, buscou-se fazer uma leitura de tais representações construídas no dado momento histórico. Portanto, o objetivo fora constituir um conhecimento acerca da forma como o tema da Utopia fora abordado artisticamente pelo cineasta. No caso do cinema, as soluções técnicas e estéticas constituem a expressividade autoral do cineasta, que formula em sua produção uma dada forma de apresentação da realidade social que constitui ao mesmo tempo sua autenticidade artística e sua visão esteticamente mediatizada do mundo, sendo essa visão legitimada socialmente (dentro dos mecanismos de validação próprios do campo artístico). Nesse sentido, sua obra acaba por ser um objeto privilegiado para o entendimento da arte como fenômeno social, nos seus aspectos estéticos, históricos e sociológicos. Mais especificamente, o filme documentário aqui estudado é influenciado por uma perspectiva cinematográfica vinculada aos elementos de renovação estética dos novos cinemas, sob influência direta ou indireta do cinema soviético (Dziga Vertov, Eisenstein), do neorrealismo italiano, da novelle vague francesa, e do novo cinema latinoamericano. Sofreu impacto direto da proliferação das tecnologias de tomada da imagem e som sincrônico, ambas possibilitadas pela câmera Eclair e o gravador de som Nagra-4, o que deu mobilidade aos cineastas da época, constituindo uma nova estética de um cinema documentário muito mais participativo. Desta forma, seguindo uma tendência à postura politizada dos cineastas da época, o talento de Guzmán na utilização das possibilidades técnicas e estéticas ao retratar a efervescência política de caráter prérevolucionário vivida no Chile retratado, propiciou uma obra autêntica, tida como uma das mais importantes na história do cinema documentário mundial, e que traz uma série de imagens utópicas desse momento histórico.