O lugar das práticas comunitárias emergentes: caminhos de coexistência socioecológica em projetos urbanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rocha, Heliana Faria Mettig
Orientador(a): Souza, Angela Maria Gordilho
Banca de defesa: Souza, Angela Maria Gordilho, Magnavita, Pasqualino Romano, Moura, Maria Suzana de Souza, Martins, Maria Lúcia Refinetti Rodrigues, Andrade, Liza Maria Souza de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Arquitetura
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25222
Resumo: O desenvolvimento desta tese parte de uma perspectiva de retomada da origem de duas vertentes do campo propositivo de ação no ambiente urbano contemporâneo, a urbanística e a ambientalista. Com enfoque nas práticas comunitárias em lugares de moradia e convívio, a partir das dimensões utópica e não hegemônica, foram revisados conceitos e correntes que aproximaram as ciências ecológicas e sociais desde o início do século XX. Pressupondo-se que ambas as vertentes emergiram de forma independente, buscou-se, na vertente urbanística, recuperar, nas práticas utópicas e utopias experimentais, as propostas pré-urbanistas e projetos urbanos de ideário social. E, na vertente ambientalista, retomar no ambientalismo, no ecologismo e no comunitarismo os movimentos e práticas urbanas de ideário ecológico. Respectivamente, foram identificados o protagonismo técnico e o protagonismo ativista, recuperando-se em cada uma dessas vertentes aspectos convergentes, como o enfoque na “comunidade” e na “natureza”. Esse diálogo se evidencia nas mais recentes práticas comunitárias, a exemplo das Ecovilas, Iniciativas Urbanas emergentes e dos Ecobairros, que são fundamentadas na ação local de abordagem bottom-up, no nível da comunidade, transformando e criando lugares com ambiência e apropriação das pessoas, na complexidade atual das cidades. Para fundamentar o diálogo que integra as vertentes urbanística e ambientalista, partiu-se do eixo norteador comunidade-natureza, sob a perspectiva ecosófica das três eco-lógicas mental-social-ambiental, em direção a um novo paradigma ético-estético (GUATTARI, 2012). Por um ideário de “coexistência socioecológica”, apoiou-se na multirreferencialidade de abordagens teóricas de naturezas diferentes, justificadas por seus olhares complementares ao objeto de estudo. Partindo da abordagem micropolítica (GUATTARI, ROLNIK, 1996), que é atravessada pela macropolítica, recorreu-se à Sociologia do Presente com base na cartografia da ação-técnica-espaço (RIBEIRO, 2012a). No campo ambiental e ecológico, adotou-se a visão sistêmica transdisciplinar (MORIN, 2005) para compreender os eixos transversais que evidenciam a interdependência das dimensões que moldam o espaço urbano. Na dimensão espacial, partiu-se da noção de placemaking para uma nova abordagem de “criação de lugar” para transformação socioespacial. Por último, foi incorporada a abordagem do Direito à Cidade (LEFEBVRE, 1991) que, para além da luta por direitos, observou as práticas de apropriação de bens coletivos de forma compartilhada como “utopias experimentais”, em coexistência com as práticas hegemônicas de apropriação desigual, desses mesmos bens, gerando conflitos. Assumir esta coexistência no meio ambiente urbano possibilitou um novo olhar para caminhos de convergência em meio a tensões urbano-ambientais, evidenciando tendências ao engajamento político no campo propositivo de ação da Arquitetura-Urbanismo. Um quadro teórico-referencial foi concebido com as categorias de análise iniciativa-comunidade-natureza-urbanismo, capazes de diferenciar caminhos de resistência criativa e de resiliência, de forma a reconhecer o lugar das práticas comunitárias emergentes como processo e como produto, relativizando sua atuação em projetos urbanos. A interdependência destas categorias nos processos de decisão no campo propositivo de ação local e da Arquitetura-Urbanismo amplia a capacidade de transformação urbana por meio da “criação de lugares” que são “devolvidos” de forma mais abrangente à cidade.