A condição disciplinar do curso de licenciatura em Geografia: um estudo de caso sobre a constituição social do conhecimento curricular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Ângelo Sérgio Santos da
Orientador(a): Macedo, Roberto Sidnei Alves
Banca de defesa: Guerra, Denise Moura de Jesus, Castro, Jânio Roque Barros de, Nascimento, Cláudio Orlando Costa do, Fontes, Isaura Santana, Paim, Ana Verena Freitas
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/20718
Resumo: O trabalho consiste num estudo de caso sobre a disciplinaridade como condição básica da estrutura do currículo de licenciatura em geografia. A investigação buscou responder se as concepções, os valores e as motivações dominantes, no conjunto das práticas curriculares, potencializam a ação instituinte ou apenas se relacionam em conformidade com as instituições que sustentam as divisões do currículo. Este é visto como um espaço de prática cultural onde se disputam as visões de mundo e os valores de base da formação a ser promovida, em vista de determinados fins sociais. Tal conceito permite considerar que o caráter científico, cultural e humanístico da formação que a universidade promove possa materializar-se no cumprimento do seu papel ante os problemas sociais da região onde se insere, cabendo pensar um projeto de formação que permita ao professor promover a educação geográfica, atuando profissionalmente como um intelectual crítico. Utilizando basicamente as entrevistas semi-estruturadas e a análise documental como fontes de informação, a pesquisa se conduziu por uma metodologia qualitativa, articulando uma visão compreensiva quanto aos sujeitos e uma perspectiva dialética, que os situa a partir de relações sociais marcadas por desigualdades e hierarquias. Revelou-se consensual a consideração de que a hiper-segmentação do conhecimento, tal como ocorre na situação investigada, é um obstáculo à promoção da autonomia intelectual porque impede o estudo aprofundado e a pesquisa, como atividades pelas quais os educandos podem protagonizar a sua formação, reforçando a noção do currículo como conhecimento a ser transmitido, em descompasso com as necessidades formativas trazidas pelas transformações sócio-espaciais. A tradição epistemológica positivista do pensamento geográfico, além de não possibilitar a construção de uma visão relacional e integradora do espaço, potencializando a criticidade e a capacidade analítica dos educandos, legitima cientificamente práticas curriculares mais conformadas do que transgressivas em relação à ordem estabelecida. Do lado dos professores, a autonomização das disciplinas e a atuação isolada não favorecem o aprofundamento da reflexão coletiva, visando conceber e implementar forma alternativa de dispor as atividades curriculares coerentes com aquele projeto, sendo decrescente o interesse pelo ensino de graduação, em especial na licenciatura, desde a expansão da pesquisa e da criação dos programas de pós-graduação. Possíveis alterações curriculares com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino dependem de rearranjos nas relações de poder que decorrem e sustentam as cisões curriculares, já que os valores e interesses individuais ou corporativos, associados aos territórios disciplinares, revelaram-se mais decisivos para a estruturação do currículo do que o compartilhamento em torno dos atributos da formação a ser promovida.