Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Benedini, Daniela Ressurreição Mascarenhas |
Orientador(a): |
Mendes, Edleise Oliveira Santos |
Banca de defesa: |
Oliveira, Gilvan Muller,
Porru, Mauro,
Yerro, Jorge Hernán,
Baptista, Livia Marcia Tiba Radis |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Língua e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24155
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Resumo: |
Neste estudo busquei investigar a transmissão, o desenvolvimento e a manutenção do Português como Língua de Herança (PLH) entre os filhos de casais ítalo-brasileiros residentes numa pequena cidade na Itália, Cremona. Nesse sentido, me propus identificar as representações e atitudes de pais e filhos acerca da língua portuguesa e conhecer como essas representações repercutem na preservação ou não desta língua dentro e fora do contexto familiar, considerando as estratégias utilizadas e os desafios encontrados por eles nesses contextos. Para cumprir com esses objetivos, assumi o paradigma qualitativo-interpretativista de pesquisa como sendo o mais apropriado, de modo que foi desenvolvida uma investigação de natureza etnográfica, na qual participaram quatro famílias, que foram acompanhadas em suas interações diárias e por meio de entrevistas semi-estruturadas, em três momentos distintos, no período de um ano. O suporte teórico do trabalho adveio, principalmente, de autores do campo da Linguística Aplicada (MENDES, 2012, 2015; CAVALCANTI, 1999; VALDÉS, 2001) em interface com as áreas da Linguística (GROSJEAN, 1982; RAJAGOPALAN, 2006), Sociolinguística (ROMAINE, 1995), Políticas Linguísticas (CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2008, 2013) e Estudos Culturais (HALL, 2004; SILVA, 2008), apenas para citar alguns. Considerando os dados gerados, pudemos perceber que o PLH apresenta-se não apenas como um meio de comunicação, mas também desempenha uma função identitária, sociocultural, emocional e cognitiva para mães e filhos. Os resultados indicam que a transmissão e a manutenção do PLH constituíram-se como uma forma de promover a identidade cultural brasileira entre as crianças, confirmada na maneira como elas se relacionam com esta língua-cultura. Além disso, as histórias de sucesso na transmissão e manutenção do PLH demonstram que mesmo em uma comunidade lingüística pequena e com a contribuição de apenas um dos pais é possível manter a LH. Entre as crianças bilíngües neste estudo as mães são as únicas responsáveis pela transmissão do PLH e a socialização nesta língua fora do ambiente familiar é praticamente inexistente. Nesse sentido, sustentamos que os esforços das mães e adesão dos seus filhos à aquisição da língua portuguesa estão associados primordialmente à preservação dos valores culturais, como o familismo. As experiências em PLH estão fortemente ancoradas nos laços de afetividade estabelecidos com seus parentes brasileiros que constituem o meio de socialização em português mais importante, seja quando as crianças vão ao Brasil ou interagem através das redes de relacionamento no ambiente Web. Ademais, a família é vista como a fonte principal de apoio à manutenção desta língua-cultura de herança e a principal motivação pela qual mães e filhos se esforçam para manter o PLH. Entre as crianças, as fortes conexões familiares assumem também um papel identitário, através do qual elas sentem-se brasileiras, além de italianas. Os resultados ainda mostram que mães e filhos têm uma atitude favorável ao bi/multilinguismo e atribuem seus benefícios à aprendizagem de outras línguas e maiores oportunidades profissionais futuras; por outro lado, a língua portuguesa não é concebida como uma mais-valia para os sujeitos desta pesquisa, sendo assim, ela assume um caráter essencialmente familiar, e, por consequência, não se reconhece o seu potencial na sociedade global. |