Diferenças de gênero nas brincadeiras de crianças em sites e/ou aplicativos: segregação, estereotipia e tipificação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Iris Araujo
Orientador(a): Bichara, Ilka Dias
Banca de defesa: Becker, Bianca, Souza, Fabrício
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós - Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28461
Resumo: O gênero é considerado uma importante categoria social que a criança começa a ter contato desde os primeiros anos de vida, tornando-se essencial durante as brincadeiras, pois é partir delas que observa-se as diferenças do brincar entre meninos e meninas, no que se refere a escolha de brinquedos, tipos de brincadeiras e modos de organização quanto a aspectos sociais e espaciais. O reconhecimento destas características torna-se possível, devido a três elementos que possuem uma relação de interdependência para melhor compreensão das diferenças de gênero nas brincadeiras: segregação, estereotipia e tipificação. Diversos estudos sobre brincadeira e gênero em diferentes contextos, revelam que crianças podem apresentar comportamentos distintos devido as particularidades estabelecidas em cada um destes ambientes. Ao considerar a importância das configurações contextuais na construção das identidades de gênero das crianças, as plataformas digitais têm se apresentado como um contexto inovador na promoção das brincadeiras e de novas práticas lúdicas na contemporaneidade. Levando em consideração estas características, as plataformas digitais tornam-se um caminho promissor para novas investigações, pelo fato das crianças acessarem frequentemente jogos presentes em sites e aplicativos endereçados para meninos e meninas. A partir da concepção das crianças como sujeitos capazes de se apropriar criativamente da cultura do universo adulto em detrimento de suas próprias culturas, esta pesquisa objetivou analisar como se configuram a segregação estereotipia e tipificação nas brincadeiras em sites e aplicativos e de como as crianças ressignificam as tipificações de gênero presentes nos jogos para meninos e meninas. Em relação ao método, este estudo tem caráter exploratório e qualitativo. Assim, visando alcançar o referido objetivo, foi realizada uma entrevista semiestruturada com 12 crianças (6 meninos e 6 meninas), na faixa etária compreendida entre 6 e 11 anos, residentes em bairros periféricos da cidade de Salvador/BA. Os dados coletados foram gravados, posteriormente transcritos e agrupados em categorias conforme o roteiro da entrevista. Os dados analisados demonstram que, crianças que apresentaram discursos menos estereotipados, são oriundos de seus respectivos núcleos familiares, pois possuem comportamentos menos conservadores em relação as diferenças de gênero. Dentre estes participantes, crianças na faixa etária de 7 e 8 anos apresentaram discursos menos estereotipados contrapondo outras pesquisas realizadas, enquanto as crianças de 6 anos demonstraram forte estereotipia em suas narrativas, e as de 9 a 11 anos, apresentaram tendências a discursos flexíveis e menos estereotipados, estando em acordo com as literaturas estudadas. Deste modo, conclui-se que mesmo as crianças estando em meio a explícita tipificação de gênero presente nos sites de jogos e aplicativos, apresentaram uma ressignificação cultural através dos seus discursos, confrontando a naturalização de gênero presente nestas plataformas digitais.