Violência institucional à criança hospitalizada na perspectiva de acompanhantes e profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Ana Carla Petersen de Oliveira lattes
Orientador(a): Camargo, Climene Laura de lattes
Banca de defesa: Whitaker, Maria Carolina Ortiz lattes, Palombo, Claudia Nery Teixeira lattes, Camargo, Climene Laura de lattes, Dejo, Vânia Nora Bustamante lattes, Diniz, Nomélia Maria Freire lattes, Gomes, Nadirlene Pereira, Martins, Ridalva Dias Félix
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF)
Departamento: Escola de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38375
Resumo: A violência institucional (VI) é definida como aquela exercida nas/pelas instituições prestadoras de serviços na área da saúde, justiça, educação, que inclui uma ação ou omissão, desde a falta de acesso à má qualidade destes serviços, tendo como principal causa as relações assimétricas de poder entre usuários e profissionais. Quando a vítima é uma criança, o evento torna-se ainda mais grave, considerando a condição de vulnerabilidade desta, acarretando problemas que poderão repercutir no desenvolvimento infantil. Esta pesquisa tem como objetivo geral: Compreender a violência institucional vivenciada por crianças hospitalizadas na perspectiva de acompanhantes e profissionais de saúde. Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou aproximações com o pensamento foucaultiano, realizado em um hospital universitário de grande porte em Salvador-Bahia. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2018 a outubro de 2019. Participaram da pesquisa 10 acompanhantes (mães) e 39 profissionais de saúde (assistente social, enfermeiras, farmacêuticas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, médicas, nutricionistas, psicóloga e técnicas de enfermagem). Como instrumentos de coleta utilizou-se um roteiro semi-estruturado para entrevistas, caderno de observações e um folder informativo. Os dados foram analisados em duas etapas: na primeira etapa, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo, tendo utilizado o software NVIVO12 para ajudar na categorização dos dados; na segunda etapa, os dados foram analisados pela análise do discurso. A pesquisa respeitou os critérios contidos na resolução 466/2012 e na resolução 510/2018, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer: CAEE no 99681518.0.0000.5531. De acordo com os resultados obtidos pela análise de conteúdo, foi evidenciado que os acompanhantes e profissionais das diversas categorias reconhecem a VI à criança hospitalizada de maneira distinta. A VI foi reconhecida pelos participantes através de três grandes elementos: problemas na estrutura hospitalar; problemas na relação entre profissionais de saúde, criança e família; problemas relacionados às práticas de saúde no cuidado à criança. Também foi identificado que alguns profissionais e acompanhantes não reconhecem a presença da VI à criança no cuidado hospitalar, além de que grande parte dos profissionais de enfermagem afirmavam desconhecer ou conhecer parcialmente ou direitos infantis. De acordo coma análise do discurso, a VI à criança hospitalizada foi compreendida como um fenômeno marcado pelas invisibilidades. O pensamento foucaultiano contribuiu para melhor compreender a engrenagem dos jogos de poder por trás dessas invisibilidades. Seja na baixa oferta dos serviços, no atendimento focado em normas e rotinas, seja pelo desconforto das instalações hospitalares, abuso de poder e perda da autonomia, foi possível reconhecer a presença das tecnologias de poder como a disciplina e o discurso biopolítico influenciando as ações que permeiam o cuidado à criança. É premente considerar a necessidade de ampliação das discussões sobre a VI à criança hospitalizada para que se possa ofertar um atendimento de qualidade. Para tanto, profissionais, gestores, comunidade acadêmica e usuários devem ampliar seus conhecimentos sobre este tipo de violência, para que o serviço de saúde não seja produtor, mas sim um aliado no seu enfrentamento.