Construindo narrativas pelos caminhos da salvaguarda: Gustavo Barroso no entorno do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1930-1945)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Dócio, Vanessa de Almeida lattes
Orientador(a): Oliveira, Laura de lattes
Banca de defesa: Oliveira, Laura de lattes, Calil, Gilberto Grassi lattes, Christofoletti, Rodrigo lattes, Cerqueira, Érika Morais lattes, Rezende, Vinícius Donizete de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35231
Resumo: Esta tese tem como objeto de estudo o processo de construção da memória pessoal de Gustavo Barroso (1888-1959), intelectual brasileiro cujo nome ficou fortemente marcado pela longa atuação como diretor do Museu Histórico Nacional (MHN), cargo que exerceu por mais de três décadas, e por sua inserção no contexto de criação da política de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, desenvolvida durante o chamado Primeiro Governo Vargas (1930-1945). Esse intelectual multifacetado manejou as suas diversas áreas de atuação profissional de modo a se inserir no contexto político específico do Primeiro Governo Vargas, ora se aproximando das disputas próprias do jogo político empreendido por Getúlio Vargas, ora se distanciando das situações que lhe eram indesejáveis. Nesta pesquisa, por meio da investigação de fontes jornalísticas diversas – notícias de jornais, revistas e periódicos – buscamos perceber como, no âmbito público, Barroso, fazendo uso do seu trabalho como funcionário público, escritor, jornalista e redator, procurou construir três imagens públicas distintas, porém inter-relacionadas: o escritor vinculado à Academia Brasileira de Letras (ABL), o homem do museu e do patrimônio nacional, que emergia da sua atuação junto à direção do MHN, e o político; essa última marcada, principalmente, pela adesão à Ação Integralista Brasileira (AIB), em 1933. Gustavo Barroso, nos anos finais do Primeiro Governo Vargas, manejaria as suas imagens públicas, elegendo o “homem do museu e do patrimônio” como ponto principal da sua trajetória, fio condutor de uma narrativa autobiográfica que visava assegurar a divulgação de uma versão oficial norteada por interesses pessoais e políticos. Tendo em vista que os argumentos elaborados por Barroso em torno da questão do museu e do patrimônio aparecem como representações de suas próprias posições políticas e sociais no momento da escrita, analisamos os motivos que influenciaram as suas opções narrativas, investigando como se articulam e antagonizam as diferentes faces de sua vasta atuação em uma dinâmica complexa de construção e reconstrução memorialística. Ao pesquisar o intercâmbio existente entre a atuação intelectual e política e o espaço ocupado por esse personagem no final do governo Vargas, tornou-se possível analisar a atuação de Gustavo Barroso no processo de elaboração de uma narrativa – repleta de traços autobiográficos – que procurava enquadrar a memória oficial por meio da reinterpretação do passado, colocando-o no centro do processo de construção da política preservacionista empreendida por Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que o colocava à margem dos conflitos políticos característicos dos anos de 1930. Por fim, a iniciativa de Barroso enfrentou resistência de outros atores políticos em atuação na área do patrimônio, a exemplo de Rodrigo de Andrade, que, na condição de diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), construiria a sua própria narrativa dando conta da história da preservação no Brasil, na qual Barroso foi preterido.