Juventude, universidade e conhecimento: o agir prático das juventudes nos fazeres da universidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, José Raimundo de Jesus
Orientador(a): Silva, Jair Batista da
Banca de defesa: Alves, Rita Dias Pereira, Zimmermann, Clóvis Roberto, Garrido, Edleusa Nery, Jesus, Selma Cristina Silva de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24061
Resumo: Esta Tese de doutorado foca na tríade: Universidade, Juventude e Conhecimento; ou melhor, objetiva compreender como estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, expositores de comunicação científica e participantes de programas institucionais de bolsas ou auxílios, lidam com a produção do conhecimento científico. Assim, para efeito metodológico, propõe-se que toda forma de conhecimento demandado a partir das experiências históricas, culturais e sociais, manifestas em formas de agir/fazer, prático ou não, e que seja produto da percepção e reflexão do indivíduo sobre um fenômeno ou coisa em sua realidade, sejam tomadas como “saberes”, pois expressam condutas, valores e reflexões que contraditam, ao tempo em que, complementam e subsidiam a produção do conhecimento e a validação da ciência, constituindo-se como uma expressão de um dado capital cultural que assume no jogo simbólico das relações sociais um caráter distintivo. Optou-se pelo uso de uma metodologia qualiquanti como mecanismo para compreensão desta relação entre a juventude universitária participante em atividades de pesquisa e a produção do conhecimento. A definição desta estratégia se dá pelo interesse em mensurar através da aplicação de um instrumento padrão, aquilo que a juventude universitária toma como comum e que está presente em seu discurso como algo incorporado, logo uma disposição consciente ou não, sobre as dimensões que compõe o seu fazer na universidade. A partir de categorias analíticas presentes na obra de Bourdieu – habitus, campo, agir prático e ciência – construiu-se a noção do “fazer universidade”; fazer, que como verbo bitransitivo, expressa a ação e as implicações da ação, onde o agente mediador modifica e é modificado a partir da sua forma de agir. Observou-se, que o processo de democratização do ensino superior, possibilitou as populações historicamente excluídas, através de políticas públicas específicas, o acesso. Contudo, estar na universidade não implica num fazer universidade que se faz na produção de conhecimento ou na prática da pesquisa, logo não houve a democratização do conhecimento. Neste sentido, pode-se falar da condição juvenil que circunstancia o ser universitário, onde as expressões do tempo se associam e se dissociam pelas características distintivas que caracterizam cada um dos indivíduos, implicando em suas práticas e interesses. Para tanto, construiu-se um histórico da criação da universidade no mundo e no Brasil, tendo como foco o capital social e cultural constituinte dos estudantes, que implicavam na atuação prática destes agentes. As políticas de democratização e interiorização do ensino superior no Brasil, a partir do século XXI, redefinem o perfil da juventude universitária e se constituem como ponto de inflexão acerca do agir prático dos estudantes no fazer universidade. A relação entre democratização e conhecimento expressa novas estratégias distintivas que implicam num processo de desclassificação e de desigualdade, constituídas pelo capital cultural que se faz necessário para incorporação e o fazer de uma rotina acadêmica como forma de habitus acadêmico. As juventudes foram tratadas a partir da condição juvenil, onde a condição material de existência e as estratégias de agir formatam a noção apreendida. Mais uma vez os tempos se associam ao contexto conceitual, compreendendo que para além do tempo da máquina, próprio da modernidade, coexiste um tempo social que redefine o ser jovem e torna-o sujeito substantivado, o que permite percebê-los em sua pluralidade. Os resultados demonstram que as políticas de democratização existentes na UFRB reduziram as desigualdades verticais, aquelas que se constituem pela condição de gênero, raça, classe, origem de moradia, sexualidade, mas não foram suficientes para redefinir das práticas classificatórias que orientam as escolhas e as distinções dos agentes da pesquisa. As distinções denominadas qualitativas ganham ênfase e mesmo em condições isonômicas prevalecem às formas desiguais de seleção dos estudantes para o campo da pesquisa, neste sentido a origem escolar, o domínio de idiomas estrangeiros, o uso normativo da língua, o capital cultural e simbólico são expressões horizontais da desigualdade que se expressam de forma vertical no que se refere à afiliação e participação nos grupos de pesquisa e nos programas institucionais de bolsas de pesquisa. Assim a compreensão destas formas de desigualdade, em particular a horizontal, torna-se um parâmetro para apreensão do fazer universidade como expressão contígua dos tempos de oficio e da arte, pois implicam, de forma bitransitiva, no agir prático dos estudantes e na definição das políticas que assegurem a democratização do conhecimento e o reconhecimento dos saberes.