Sertão, estilhaços e ruínas nas veredas riobaldianas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Jéssica Martins da lattes
Orientador(a): Silva, Maria Auxiliadora da lattes
Banca de defesa: Silva, Maria Auxialiadora da lattes, Zangalli Júnior, Paulo César lattes, Menezes, Sócrates Oliveira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO) 
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40030
Resumo: Esta dissertação reflete sobre o sertão a partir da obra literária Grande Sertão: Veredas. Entendemos o sertão enquanto espaço construído, dentre outras formas, através de discursos que são gestados e disseminados por vias políticas, culturais e até mesmo se propagam pelo senso comum. A partir de Lukács entendemos que a arte possui um potencial de refletir ou apresentar a realidade. O Grande Sertão: Veredas, em seu potencial artístico revela a realidade de sua época. Esses reflexos ocorrem a partir das categorias da realidade singularidade-particularidade-universalidade, estas, por sua vez, nos possibilitam entender o sertão a partir de sua totalidade, desde a subjetividade do indivíduo social, até determinações genéricas que dialogam com a produção desses espaços sertanejo. Adentrar o contexto apresentado na obra rosiana é também buscar os estilhaços da história de construção do sertão. Portanto, a partir da obra Grande Sertão: Veredas, nos debruçamos sobre o conceito de sertão, para além das intencionalidades de dominação futuras que forjam esses espaços. Utilizamos Benjamin (1994) para reconstituir essas ruínas do sertão a partir da obra literária. Entendemos esse sertão como ruínas e estilhaços da história. Assim foi possível refletir como esses espaços foram historicamente apropriados e dispostos ao processo de modernização. Utilizamos também Moraes (2003) e (2005) para pensar o conceito de sertão. O sertão é a particularidade que se movimenta da singularidade do jagunço até a universalidade do mundo. O sertão não é um espaço isolado de outros espaços, mas também produtor e produzido a partir de outros espaços. Se na construção do sertão, o dualismo, que é uma questão inerente a sociedade moderna, se faz presente através do sertão x litoral, tradicional x moderno, campo x cidade, no Grande Sertão: Veredas é possível pensar algumas dessas dualidades como contradições, em especial quando abordamos os conflitos jagunços entre Zé Bebelo e Joca Ramiro que apresenta ideais de ordens modernas e tradicionais. Embora o dualismo seja uma característica intrínseca ao Grande Sertão: Veredas, através de diversos elementos, inclusive a dúvida entre isso e aquilo, ao passo que Riobaldo resulta em uma reflexão sobre isso: Tudo é e não é. O mistério do pacto e a figura do diabo no Grande Sertão: Veredas apresenta outra camada do sertão, diante do misticismo que também é um aspecto cultural comum a diversos sertões, nesse caso, a partir de elementos fáusticos, o pacto revela características também modernas. O sertão - enquanto ideologia geográfica, é construído através da sua antípoda: os espaços considerados modernos - confronta o sertão apresentado no Grande Sertão: Veredas e apresenta uma modernidade que adentra o sertão. Esta, por sua vez, advém como proposta de apropriação desses espaços sertanejos, a partir da modernização, modifica esses espaços, entretanto, algumas estruturas permanecem. Ademais, não retira desses espaços a condição que lhes foram atribuídas, de sertão.