Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Tavares, Joana Brandão
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Orientador(a): |
Mano, Maíra Kubík
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Banca de defesa: |
Tugny, Rosângela Pereira de
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Mano, Maíra Kubik
,
McCallum, Cecilia Anne
,
Givigi, Ana Carolina Nascimento
,
Vieira, Marina Guimarães,
Stam, Robert |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM)
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Departamento: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36189
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Resumo: |
Esta tese aborda a expressão das relações de gênero e, em específico, da agência das mulheres no cinema do povo Tikmũ'ũn/Maxakali. Através da análise principalmente dos filmes "Yãmĩyhex: as mulheres-espírito" (2018, 76') e "Nũhũ Yãgmũ Yõg Hãm: Esta Terra é Nossa!" (2020, 70'), o trabalho busca compreender como a cosmologia e o complexo estético maxakali se fazem presente em seus filmes. Ao dialogar com as metodologias de análise fílmica e etnografia fílmica, busca-se compreender, nos filmes e por meio deles, a agência das mulheres indígenas como parte de um conjunto de relações de alteridade no cotidiano/ritual deste povo, que envolve um outro grupo de "Outros", os yãmĩyxop (povos-espíritos), com quem os Tikmũ'ũn/Maxakali mantém uma relação ancestral. A tese está dividida em sete capítulos. O primeiro introduz o povo maxakali de acordo com seus mitos de origem e sua história recente, apresentando também a cineasta Sueli Maxakali (co-diretora dos filmes mencionados); o segundo capítulo é um comentário geral sobre o cinema indígena como expressão das dimensões cosmológicas dos povos indígenas através da influência do “fora-de-campo”, em sua indicialidade sobre o campo, nos filmes; o terceiro é especificamente sobre o cinema maxakali e sua conexão com o conceito de imagem (koxuk) que na linguagem maxakali significa, entre outros sentidos, "alma" e "imagem". O quarto capítulo é uma análise do filme Yãmĩyhex: as mulheres-espírito e faz uma abordagem de gênero de elementos como a fluência entre ritual e cotidiano, doméstico e público na socialidade maxakali, a importância da comensalidade e do xamanismo feminino entre os maxakali e como eles transbordam para a tessitura fílmica. No quinto capítulo, fazemos uma análise do filme Nũhũ Yãgmũ Yõg Hãm: Esta Terra é Nossa!, no qual encontramos uma expressão da vinculação entre cantos rituais, relação com o território e construção de pessoa entre os maxakali; também conectamos o mito de origem maxakali de "Putõõy" (da mulher que nasceu de uma vagina esculpida no barro) a esses outros aspectos, o que nos leva a vislumbrar uma cosmopolítica da terra no filme. O sexto capítulo trata dos elementos sensoriais no cinema maxakali, em que analiso como a visualidade nos filmes está conectada com a sonoridade e uma sensorialidade tátil, expressando no cinema Tikmũ'ũn a dinâmica multissensorial da cosmologia Tikmũ’ũn. E, por fim, no capítulo final, partimos para uma reflexão no âmbitos dos estudos feministas, inspiradas pela forma como os corpos e a "natureza" atravessam os filmes, e propomos rever uma separação, na teoria feminista, entre natureza e cultura enquando fundante das reflexões sobre gênero; apontamos, então, para uma teoria feminista que se situe em diálogo com o pensamento ameríndio e indígena da América Latina. Esta teoria está sendo tecida por mulheres indígenas - com sua arte, reflexões políticas e acadêmicas - e possui bases epistemológicas que dialogam com a antropologia feminista inspirada na virada ontológica desta ciência nas últimas décadas. Com o cinema lançado em meio às dinâmicas da socialidade Tikmũ'ũn, a tessitura fílmica é tocada pelos encontros que ocorrem no cosmos Tikmũ'ũn, pelas relações com os yãmĩyxop e por uma percepção da terra como central para a consubstancialidade da pessoa Tikmũ'ũn. O cinema Tikmũ'ũn/Maxakali expressa assim uma mitopráxis que integra o cotidiano e rituais Tikmũ'ũn, envolve uma série de atos cuidadosos construtores e mantenedores da pessoa e coletividade Tikmũ'ũn/Maxakali, que são protagonizados também pelas mulheres. |